27 de outubro de 2025 – Um estudo internacional liderado pelo Leibniz Institute for Astrophysics Potsdam (AIP) examinou a rotação de 12 das menores e mais tênues galáxias conhecidas e concluiu que apenas a matéria visível não explica seus campos gravitacionais. Os resultados colocam em xeque a teoria da Dinâmica Newtoniana Modificada (MOND) e favorecem a hipótese de halos de matéria escura.
A pesquisa, publicada na revista Astronomy & Astrophysics, contou com a colaboração das universidades de Surrey e Bath (Reino Unido), Nanjing (China), Porto (Portugal), Leiden (Holanda) e Lund (Suécia). Os cientistas analisaram velocidades estelares dessas galáxias anãs e compararam os dados com simulações EDGE executadas no supercomputador nacional DiRAC, no Reino Unido.
Segundo Mariana Júlio, doutoranda do AIP e autora principal, esta é a primeira vez que foi possível medir a aceleração gravitacional interna dessas galáxias em diferentes raios. “Tanto as observações quanto as simulações mostram que a gravidade nelas não pode ser determinada apenas pela matéria visível, contrariando as previsões de gravidade modificada”, afirmou.
Para testar as teorias, a equipe avaliou dois cenários: um em que as leis de Newton seriam alteradas em baixas acelerações (MOND) e outro que considera halos massivos de matéria escura. Os modelos baseados em matéria escura apresentaram correspondência muito mais precisa com os dados obtidos.
O estudo também desafia a chamada relação de aceleração radial – vínculo considerado simples entre a quantidade de matéria luminosa de uma galáxia e a força gravitacional que ela exerce. Enquanto essa correlação ainda vale para sistemas maiores, foi observado que ela se rompe nas galáxias anãs: quantidades iguais de matéria visível podem gerar diferentes acelerações, indicando a influência de um componente invisível.
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“Não há informação suficiente apenas no que vemos para definir a gravidade nos menores sistemas”, explicou Justin Read, professor da Universidade de Surrey e coautor. “Isso pode ser entendido se eles estiverem imersos em um halo invisível de matéria escura, elemento ausente nas propostas atuais de MOND.”
Os autores reconhecem que a pesquisa não identifica a composição da matéria escura, mas reduz o espaço para explicações alternativas. Observações futuras de galáxias ainda mais fracas e distantes podem aproximar os cientistas da resposta definitiva.
Com informações de Nanowerk


