Seul, 15 de outubro de 2025 – O governo da Coreia do Sul está perto de decidir se permitirá que Google e Apple transfiram dados cartográficos em alta resolução para servidores instalados fora do país. O material, em escala 1:5.000, detalha ruas, prédios e becos muito além do que hoje é exibido nas plataformas das duas empresas.
A discussão esbarra em barreiras regulatórias e de segurança nacional. No início da semana, o Comitê de Defesa da Assembleia Nacional realizou uma auditoria parlamentar com representantes do Google Korea. Parlamentares questionaram os pedidos de acesso aos mapas e alertaram para o risco de exposição de instalações militares sensíveis quando as imagens forem combinadas a dados comerciais e satélites de alta definição.
Decisão sobre Google pode sair até 11 de novembro
Um integrante do governo informou que a deliberação final sobre o Google Maps deve ocorrer até 11 de novembro, data que pode ser antecipada. Em setembro, o Ministério de Terras, Infraestrutura e Transporte prorrogou por 60 dias o prazo de análise.
O Google solicitou pela terceira vez, em fevereiro, autorização ao Instituto Nacional de Informação Geográfica para usar mapas em escala 1:5.000 e armazená-los fora do território sul-coreano. Atualmente, a companhia opera no país com mapas em escala 1:25.000. Aplicativos locais como Naver Map, T Map e Kakao Map já utilizam a escala mais detalhada, o que lhes garante vantagem competitiva.
Em 2011 e 2016, as autoridades sul-coreanas negaram pedidos semelhantes. Na época, exigiram que o Google instalasse um data center local e borrasse locais estratégicos, condições rejeitadas pela empresa. Após nova recusa em agosto passado, o Google teria concordado em ocultar áreas de segurança em Google Maps e Google Earth e avalia adquirir imagens de satélite aprovadas pelo governo, inclusive da T Map.
Apple também na fila
A Apple apresentou, em junho, solicitação para exportar dados cartográficos de alta precisão, depois de ter um primeiro pedido rejeitado em 2023. Diferentemente do Google, a fabricante do iPhone mantém servidores no país, ponto considerado positivo pelo governo, que adia a análise para dezembro. Relatos indicam que a Apple demonstra maior disposição em cumprir exigências como desfoque ou redução de resolução em áreas sensíveis e planeja usar a T Map como principal fonte de dados.

Imagem: Getty
Lei de 1970 restringe saída de informações geoespaciais
Pelo Artigo 16 da Lei de Gestão de Informação Geoespacial, mapas e imagens de satélite produzidos pelo governo só podem ser enviados ao exterior com aprovação do gabinete presidencial. O dispositivo, criado na década de 1970, continua sustentando o rígido controle estatal sobre dados de localização.
Casos semelhantes ocorreram em outras regiões de conflito. Em 2023, o Exército de Israel solicitou ao Google que desativasse dados de tráfego em tempo real em Israel e Gaza, medida parecida à adotada na Ucrânia após a invasão russa de 2022.
Google e Apple buscam aprimorar navegação, suporte a carros autônomos e entregas por drones com mapas mais detalhados. Para Seul, a liberação pode impulsionar turismo, negócios locais e projetos de cidades inteligentes, desde que salvaguardas de segurança sejam mantidas.
Com informações de TechCrunch