O Palácio do Planalto avalia que a conversa por telefone realizada nesta segunda-feira (6.out.2025) entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, representou um passo inicial para impedir interferências norte-americanas na disputa presidencial brasileira de 2026.
Interlocutores de Lula informaram que o governo saiu satisfeito da ligação, mas mantém cautela diante do que classificam como comportamento “errático” de Trump. Segundo um assessor, a orientação é agir “sem ilusões” e evitar declarações de vitória antecipada.
Estratégia de “congelar” a crise
A equipe do presidente brasileiro pretende “encapsular” a tensão acumulada nos últimos dois meses. Desde o breve encontro de 39 segundos entre Lula e Trump nos bastidores da Assembleia-Geral da ONU, em setembro, a Casa Branca teria interrompido postagens consideradas ofensivas ao Brasil. O governo espera manter esse ambiente para construir confiança e retomar, gradualmente, temas pendentes na agenda bilateral.
Distanciamento do bolsonarismo
No Planalto, há a percepção de que Trump, diante da condenação considerada irreversível do ex-presidente Jair Bolsonaro, sinaliza interesse em reposicionar a relação com Brasília. A ligação foi vista como sondagem de Trump sobre possíveis ajustes nesse novo cenário.
Próximos passos
Com a crise “congelada”, diplomatas falam em “recalibragem” do diálogo. Um segundo estágio incluiria discussões sobre redução de tarifas em setores específicos. O Itamaraty considerou normal a escolha de Marco Rubio, chefe da diplomacia norte-americana, para coordenar a negociação, entendendo o gesto como forma de fortalecer o secretário de Estado em meio às disputas internas nos EUA.
Meta política
O objetivo central de Brasília é neutralizar a influência de grupos bolsonaristas em Washington e evitar que Trump ou seus assessores interfiram no pleito brasileiro de 2026, visto pelo governo como risco à democracia.

Imagem: Internet
Clima da conversa
Participantes relataram “zero tensão” durante o contato entre os dois presidentes. Lula mencionou as sanções aplicadas a autoridades do governo e a ministros do Supremo Tribunal Federal, sem receber compromissos de revisão por parte de Trump. O líder norte-americano, contudo, também não apresentou justificativas para as medidas.
Com a linha direta restabelecida, o governo brasileiro pretende manter a pressão por avanços concretos, mas somente após consolidar a atual fase de contenção da crise.
Com informações de UOL