O anúncio do OpenAI, feito nesta semana, de que aplicativos podem ser executados diretamente no ChatGPT reacendeu o debate sobre o futuro da distribuição de apps. Com 800 milhões de usuários ativos por semana, a plataforma passou a permitir que tarefas como reservar viagens, criar playlists ou editar designs sejam concluídas sem sair da conversa com o chatbot.
Especialistas chegaram a comparar o lançamento ao momento em que Steve Jobs apresentou a App Store em 2008, sugerindo que o modelo de aplicativos dentro do ChatGPT poderia tornar a loja da Apple obsoleta. No entanto, a gigante de Cupertino ainda aposta em uma Siri totalmente repaginada, anunciada na WWDC 2024, como peça-chave para preservar — e modernizar — seu ecossistema de 1,5 bilhão de iPhones ativos.
Meta da Apple: menos ícones, mais comandos de voz
A proposta da Apple é eliminar a dependência do ícone de aplicativo sem acabar com o app em si. A nova Siri deverá permitir interações baseadas em fala ou texto, reduzindo toques na tela. Para a Apple, organizar “quadradinhos” na tela inicial já não atende ao modo como usuários acessam serviços on-line, cada vez mais mediados por assistentes de IA.
Limitações do modelo OpenAI
Apesar do potencial, o sistema de apps do ChatGPT está restrito à interface do chatbot. Para chamar um aplicativo, o usuário precisa mencionar o nome no início do comando; um erro pode resultar em telas de carregamento sem resposta, segundo testes do Bloomberg. Há ainda etapas de permissão e autenticação, além de a plataforma permitir o uso de apenas um app por vez, o que complica tarefas que exigem comparação de informações.
Outro obstáculo é a adoção do Model Context Protocol (MCP). Até o momento, só alguns serviços — entre eles Booking.com, Expedia, Spotify, Figma, Coursera, Zillow e Canva — estão integrados.
Vantagens do ecossistema iOS
A Apple controla hardware, sistema operacional e distribuição via App Store, além de oferecer ferramentas como SiriKit e App Intents. Desenvolvedores que já utilizam essas APIs verão ganhos automáticos quando a nova Siri chegar. A empresa afirmou que, inicialmente, categorias como Anotações, Mídia, Mensagens, Pagamentos, Reservas de restaurantes, Chamadas VoIP e Exercícios serão beneficiadas.
Com o novo framework, será possível, por exemplo, pedir à Siri para exibir notas de apresentador em um slide ou aplicar um filtro cinematográfico em uma foto no Darkroom. A assistente também sugerirá ações dos apps, facilitando a descoberta de recursos pelos usuários.

Imagem: Internet
Lançamento previsto e testes internos
Reportagem da Bloomberg indica que a Apple já testa internamente a versão mais inteligente da Siri, capaz de realizar ações em apps populares como Uber, AllTrails, Threads, Temu, Amazon, YouTube, Facebook e WhatsApp. A empresa confirmou ao TechCrunch que pretende liberar o recurso ao público em 2026.
OpenAI busca hardware próprio
Ciente da força do iPhone como plataforma, o OpenAI discute a criação de um dispositivo em parceria com Jony Ive, ex-chefe de design da Apple. A iniciativa, porém, esbarra em preocupações de privacidade e na falta de um conceito que supere o smartphone como centro da computação pessoal.
Sob esse cenário, o sucesso do modelo de apps do ChatGPT dependerá da adesão de desenvolvedores e da disposição dos usuários em migrar de plataforma. Se a Apple entregar a prometida evolução da Siri, o caminho intermediário oferecido pelo OpenAI pode deixar de ser necessário.
Com informações de TechCrunch