Antes do “tarifaço” dos EUA, porto de Santos atinge recorde histórico de embarques

Representantes de portos brasileiros e secretários estaduais de Fazenda afirmaram nesta terça-feira (8) que a corrida para embarcar mercadorias antes da entrada em vigor das novas tarifas norte-americanas resultou no maior volume mensal já movimentado pelo porto de Santos. O tema foi discutido em audiência da Comissão Mista do Congresso Nacional que analisa a Medida Provisória 1.303, batizada de Brasil Soberano, que prevê uma linha de crédito de R$ 30 bilhões para exportadores afetados.

Recorde em julho

Segundo o diretor-presidente da autoridade portuária de Santos, Anderson Pomini, em julho — período entre o anúncio das sobretaxas de 50% e a data de vigência, em 6 de agosto — foram movimentadas 17,4 milhões de toneladas, alta de 6,1% em relação ao mesmo mês de 2024. “Quem tinha suco de laranja, carne congelada ou café pronto correu para despachar”, descreveu.

Pós-tarifa: retração nas exportações

Depois do início da cobrança adicional, o fluxo para os Estados Unidos despencou. No porto de Suape (PE), citado pelo diretor de desenvolvimento Rinaldo Lira, as remessas quase desapareceram: em agosto, foram embarcadas apenas 173 toneladas, queda próxima de 100% ante igual período do ano passado. Não houve registro de exportação de cana-de-açúcar para o mercado norte-americano, produto tradicional na pauta do terminal.

Impacto nos consumidores dos EUA

Pomini sustentou que as sobretaxas foram sentidas “principalmente no bolso das famílias norte-americanas”, ao mencionar a elevação de preços de suco de laranja, café e carnes. O secretário da Fazenda e Planejamento de São Paulo, Samuel Kinoshita, corroborou: “O suco de laranja consumido nos EUA vem quase totalmente do interior paulista; a tarifa só encarece o produto para o consumidor americano”.

Alívio para a indústria aeronáutica

Kinoshita destacou ainda a retirada de aeronaves da lista final de itens tarifados, decisão considerada crucial para o estado pela forte presença da Embraer no mercado dos EUA. “Era, de longe, o principal produto em risco”, afirmou.

Busca por novos mercados

Durante a audiência, Lira defendeu a abertura de rotas alternativas para reduzir a dependência de um único destino, enquanto Pomini alertou que um eventual tarifário similar vindo da Ásia causaria impactos muito maiores à economia nacional.

A Comissão Mista continuará ouvindo representantes de setores afetados antes de votar o relatório sobre a MP 1.303.

Com informações de UOL Economia

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