Washington, 11 de outubro de 2025 – A Casa Branca iniciou mais uma rodada de demissões de servidores federais em meio à paralisação do governo, elevando a tensão entre o presidente Donald Trump e a bancada democrata no Congresso, que agora enfrenta a segunda semana de impasse orçamentário.
O diretor do Orçamento da Casa Branca, Russell T. Vought, confirmou nesta sexta-feira (10) a dispensa de milhares de funcionários, cumprindo ameaças feitas pelo presidente de aproveitar a suspensão das atividades para reduzir o tamanho da máquina pública. A decisão ocorre poucos dias antes de militares e demais servidores deixarem de receber o primeiro contracheque desde o início do shutdown.
Democratas endurecem postura
Senadores Tim Kaine e Mark Warner, ambos da Virgínia — segundo estado com maior concentração de empregados federais —, tornaram-se porta-vozes da insatisfação. Tradicionalmente engajados em acordos bipartidários, os dois afirmam estar refletindo o sentimento de trabalhadores “furiosos” com o que classificam como “ataque contínuo” do governo Trump à burocracia federal.
“Estão ameaçando nos prejudicar ainda mais; já vêm fazendo isso desde 20 de janeiro”, disse Kaine em entrevista recente, referindo-se ao início do segundo mandato do republicano.
Entre as principais queixas dos servidores estão e-mails do recém-criado Departamento de Eficiência Governamental solicitando listas de “realizações” individuais, além de temores de represálias internas.
Ameaça de negar salários retroativos
Nos últimos dias, Trump elevou o tom e sinalizou que pode recusar o pagamento retroativo dos dias parados, prática adotada em paralisações anteriores. O presidente também prometeu cortar programas caros aos democratas caso não haja acordo.
Do lado republicano, o líder da maioria no Senado, John Thune (Dakota do Sul), afirmou que a Casa Branca “esperou dez dias” por uma mudança de posição dos democratas antes de efetivar as demissões. “Agora, as pessoas vão começar a perder salários. A situação fica real”, disse.

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Pressão nas bases
Nas redes sociais, Warner classificou as demissões como “decisão deliberada” para usar servidores como “reféns” na tentativa de elevar custos de saúde. O deputado Don Beyer (Virgínia) acrescentou que a medida torna “mais difícil” a construção de um acordo bipartidário.
Enquanto isso, republicanos enfrentam críticas de seus próprios eleitores. Durante programa da emissora C-SPAN, uma espectadora identificada como Samantha, esposa de militar em Fort Belvoir (Virgínia), cobrou do presidente da Câmara, Mike Johnson (Luisiana), a convocação de sessão para votar pagamento às Forças Armadas. “Vivemos de salário em salário”, afirmou, mencionando gastos com medicamentos dos filhos.
Cenário incerto
Analistas lembram que, historicamente, o partido que controla o Congresso evita aprovar financiamentos parciais — como folhas de pagamento militares — para manter pressão sobre o adversário. Ainda não há indicação de quando as negociações serão retomadas.
Democratas condicionam a reabertura do governo a concessões republicanas na área de saúde, enquanto a Casa Branca mantém a estratégia de cortes. Com servidores prestes a ficar sem renda, a expectativa é de que o embate político se intensifique nos próximos dias.
Com informações de The New York Times