Executivo da OpenAI tenta conter crise enquanto críticas internas e externas se acumulam

Toronto, Canadá – Chris Lehane, vice-presidente global de políticas da OpenAI e ex-estrategista de crise de figuras como Al Gore e Airbnb, passou 20 minutos no palco da conferência Elevate, em Toronto, tentando defender a imagem da empresa em meio a uma série de controvérsias.

Pressão sobre o Sora e direitos autorais

A OpenAI lançou na semana passada a segunda versão do Sora, ferramenta de geração de vídeo que rapidamente liderou o ranking de aplicativos mais baixados. Usuários criaram clipes com personagens protegidos por copyright – de Pikachu a Tupac Shakur – alimentando questionamentos sobre uso indevido de obras sem autorização. Originalmente, a companhia permitia que detentores de direitos apenas optassem por não participar do treinamento da IA; após a popularidade do recurso, passou a exigir opt-in. Editoras como The New York Times e Toronto Star já processam a empresa pelo mesmo motivo.

Confrontado no evento sobre uma possível exclusão de publishers da divisão de receitas, Lehane citou o princípio de “fair use” como peça central da liderança tecnológica dos EUA.

Infraestrutura pesada e impacto local

A OpenAI opera um campus de data centers em Abilene, Texas, e iniciou as obras de outra instalação em Lordstown, Ohio, em parceria com Oracle e SoftBank. Segundo Lehane, a companhia consome cerca de 1 GW de energia por semana. Ele comparou a adoção da IA à eletrificação do século passado e disse que democracias precisam investir para “competir” com a China, que acrescentou 450 GW de capacidade energética e 33 usinas nucleares em 2024. O executivo não detalhou, porém, como comunidades economicamente fragilizadas serão compensadas pelos custos de água e eletricidade.

Reanimação digital de celebridades

O ressurgimento de personalidades falecidas em vídeos gerados pela plataforma despertou reações emocionais. Zelda Williams, filha do ator Robin Williams, pediu publicamente que usuários parem de enviar criações do pai. Lehane respondeu mencionando “processos de design responsável” e parcerias com governos, admitindo não haver um “manual” definitivo para esses casos.

Subpoena a crítico da empresa

Enquanto Lehane discursava em Toronto, um oficial de justiça entregava uma intimação da OpenAI ao advogado Nathan Calvin, em Washington, D.C. A companhia requer mensagens privadas dele com legisladores da Califórnia, estudantes e ex-funcionários da própria OpenAI. Calvin, que atua na ONG Encode AI, acusa a empresa de táticas de intimidação ligadas ao projeto de lei estadual SB 53 sobre segurança em IA. Em redes sociais, chamou Lehane de “mestre das artes obscuras políticas”.

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Imagem: Internet

Inquietação dentro da OpenAI

Dúvidas sobre a direção da empresa também surgem internamente. Pesquisadores como Boaz Barak elogiaram o avanço técnico do Sora 2, mas alertaram para riscos de deepfakes. Josh Achiam, chefe de alinhamento de missão, declarou no X (antigo Twitter) que a OpenAI “não pode se transformar em um poder assustador”, mesmo reconhecendo que o comentário poderia “comprometer toda a carreira” dele.

Entre elogios ao potencial democratizador da inteligência artificial e críticas sobre práticas consideradas agressivas, Lehane admitiu acordar às 3 h preocupado com “democratização, geopolítica e infraestrutura”. As contradições ganharam ainda mais visibilidade após a divulgação da intimação a um defensor de regulação mais rígida.

Os episódios expõem o desafio do executivo: convencer o público – e os próprios funcionários – de que a empresa realmente pretende “beneficiar toda a humanidade”, conforme anunciado em sua missão.

Com informações de TechCrunch

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