Tinta nanoengenheirada esfria superfícies e coleta água diretamente do ar

Pesquisadores da Universidade de Sydney, em parceria com a start-up Dewpoint Innovations, desenvolveram um revestimento polimérico poroso capaz de refletir 97% da luz solar, resfriar a superfície pintada em até 6 °C abaixo da temperatura ambiente e, simultaneamente, condensar vapor d’água presente no ar — tudo sem consumo de energia.

A equipe liderada pela professora Chiara Neto, do Sydney Nano Institute e da Escola de Química, descreveu o material na revista Advanced Functional Materials. Tratado como uma “tinta”, o composto de poli­vinilideno fluoreto-co-hexafluoropropeno (PVDF-HFP) dispensa pigmentos refletivos tradicionais, como dióxido de titânio, alcançando alta refletância por meio de sua estrutura interna porosa.

Resultado de seis meses em ambiente externo

Durante um teste de seis meses no telhado do Sydney Nanoscience Hub, o revestimento manteve o desempenho sem degradação sob sol intenso. O resfriamento gerou condições ideais para formação de orvalho: a coleta de água foi possível em 32% dos dias avaliados. Em condições ótimas, cada metro quadrado do material conseguiu capturar até 390 mL de água diariamente — volume que, em uma área de 12 m², cobre a necessidade de consumo diário de uma pessoa.

Aplicações urbanas e rurais

Além de amenizar ilhas de calor e reduzir a demanda por ar-condicionado, a tecnologia pode fornecer água para irrigação de plantas de alto valor, dessedentação de animais, sistemas de nebulização e até produção de hidrogênio verde, processo que consome cerca de nove litros por quilo de hidrogênio gerado.

Do laboratório para o mercado

Licenciada pela Universidade de Sydney em 2022, a inovação está sendo adaptada pela Dewpoint Innovations para uma formulação à base de água, aplicável com rolos ou pulverizadores convencionais. Segundo o diretor executivo da empresa, Perzaan Mehta, a solução pretende transformar telhados e estruturas remotas em fontes contínuas de água potável.

Com mais de dois milhões de residências australianas já equipadas com sistemas de captação de chuva, a professora Neto destaca que a nova tinta pode complementar a armazenagem tradicional, oferecendo um suprimento adicional mesmo em períodos sem precipitação.

Com informações de Nanowerk

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