Protestos em 22 capitais pressionam Congresso contra PEC da Blindagem e anistia aos golpistas

Manifestações convocadas por grupos de esquerda ocuparam as ruas de 22 capitais no domingo (21) para contestar a Proposta de Emenda à Constituição conhecida como PEC da Blindagem e o projeto que concede anistia a condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro. Integrantes do governo e de partidos alinhados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) consideraram os atos um recado direto ao Congresso Nacional.

Em rede social, a ministra Gleisi Hoffmann, responsável pela articulação política do Planalto, disse que Lula desembarcou em Nova York para a Assembleia Geral da ONU “acompanhado do povo brasileiro”, que, segundo ela, rejeita a anistia e “não aceita impunidade”.

O presidente nacional do PT, Edinho Silva, afirmou em nota que o Legislativo deveria priorizar temas como a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda e a redução da jornada de trabalho. Para ele, insistir em “anistia para golpistas” alimentará novas mobilizações.

Reação bolsonarista

No campo oposicionista, lideranças tentaram minimizar a mobilização. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) compartilhou publicação do pastor Silas Malafaia acusando a esquerda de “enganar o povo”. Já Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação de Jair Bolsonaro, ironizou o público na avenida Paulista e criticou a união das duas pautas — PEC e anistia — em um mesmo protesto. Ele argumentou que a emenda “atende a um pequeno grupo” e oferece vantagem discursiva à esquerda.

Cidades e horários

Pela manhã, atos ocorreram em Brasília, Salvador, Maceió, Natal, São Luís, Teresina, João Pessoa, Belo Horizonte, Cuiabá, Campo Grande, Manaus e Belém. À tarde, a mobilização ganhou força em São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória, Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis, Fortaleza, Recife, Aracaju e Goiânia. Manifestantes levaram faixas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). A presença de artistas impulsionou a adesão em alguns locais.

Vozes do governo

O advogado-geral da União, Jorge Messias, declarou que o país mostrou ao mundo “a força de sua democracia” ao lotar avenidas em defesa das instituições. O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou que “o povo mostra sua força e não aceita retrocessos”. O líder do PT na Casa, Lindbergh Farias (PT-RJ), celebrou a presença de manifestantes “em todo o Brasil” e ressaltou que a bancada petista deu 12 votos favoráveis à PEC, posição que agora pretende rever. No Senado, o líder governista Randolfe Rodrigues (PT-AP) classificou o domingo como “dia de luta contra a PEC da Blindagem”.

Tramitação no Senado

A expectativa agora recai sobre o Senado. Relator da matéria, o senador Alessandro Vieira (MDB-SE) disse à Folha que a proposta “joga a imagem do Legislativo no lixo” e prometeu apresentar parecer contrário na Comissão de Constituição e Justiça na quarta-feira (24). A PEC, aprovada pela Câmara em votação acelerada em 16 de setembro, restringe operações policiais e investigações contra parlamentares e provocou forte reação negativa nas redes sociais, levando alguns deputados a pedir desculpas pelo voto favorável.

A convocação dos atos deste domingo foi organizada às pressas após a aprovação da emenda e da urgência para o projeto de anistia, votada no dia seguinte.

Com informações de Folha de S.Paulo

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