O ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, afirmou nesta terça-feira (23) que o cancelamento do seu visto de entrada nos Estados Unidos, anunciado na véspera, “é página virada”. A medida integrou o novo pacote de sanções adotado pelo governo de Donald Trump contra autoridades brasileiras.
“Para mim, é um assunto resolvido, uma página virada. Visto é um ato de império de cada Estado. Não vou atrás disso. Acredito que hoje já é um novo dia”, declarou o ministro, em entrevista a jornalistas no Rio de Janeiro.
A fala ocorreu durante o seminário “Direito, democracia e crédito: construindo um desenvolvimento sustentável e equitativo”, realizado na sede do BNDES, na capital fluminense.
Referência ao encontro Lula-Trump
Messias mencionou a referência feita por Trump ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Assembleia-Geral da ONU, em Nova York. O norte-americano disse ter “excelente química” com o brasileiro e anunciou um futuro encontro entre os dois.
“O encontro, ainda que breve, entre o presidente Lula e o presidente Trump significa um novo momento, e eu passei a minha vida inteira trabalhando a partir do diálogo”, comentou o titular da AGU.
Defesa da democracia
No evento, o ministro reforçou seu posicionamento em defesa do Estado democrático de direito e citou a perda do visto para ilustrar o compromisso. “Se tiver de perder meu visto para os Estados Unidos, como eu perdi, para que filhos não percam seus pais, eu perco meu visto com alegria. O que não podemos ter mais neste país é desaparecimento forçado, é tortura”, afirmou.

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Messias também disse que atuará ao lado de Lula na tentativa de reduzir tarifas impostas pelos EUA a produtos brasileiros. “Não vou levar nada para o lado pessoal. Estou preocupado agora com o futuro, com o próximo encontro entre o presidente Lula e o presidente Trump. O resto é secundário”, declarou.
Apoio no BNDES
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, elogiou o trabalho do ministro, chamando-o de “servidor público exemplar” e classificando a medida do governo norte-americano como uma “brutal injustiça”.
Messias encerrou sua participação reiterando que não pretende se envolver em agendas “destrutivas” e que seguirá defendendo a democracia. “Não vamos abrir mão daquilo que acreditamos e juramos defender”, concluiu.
Com informações de Folha de S.Paulo