O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) inaugurou, nesta terça-feira (23), o debate geral da 80ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. No discurso, Lula ressaltou a defesa da democracia e da soberania nacional, condenou ataques ao Judiciário brasileiro, celebrou avanços sociais e cobrou reformas em organismos multilaterais.
Democracia e julgamento de Bolsonaro
Lula classificou como “inaceitável” qualquer ingerência externa sobre as instituições brasileiras e citou a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de abalar o Estado Democrático de Direito. Segundo o presidente, o processo demonstrou que “não há pacificação com impunidade” e enviou um recado a “candidatos a autocratas”.
Crise do multilateralismo
O chefe de Estado alertou para o que chamou de “desordem internacional” baseada na política de poder, com sanções unilaterais e intervenções militares. Para Lula, o enfraquecimento da democracia anda lado a lado com o declínio do multilateralismo.
Combate à fome e à pobreza
Lula destacou que o Brasil saiu do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) em 2025, mas lembrou que 670 milhões de pessoas ainda passam fome no mundo. Ele defendeu reduzir gastos militares e ampliar a cooperação para o desenvolvimento, além de aliviar a dívida externa dos países mais pobres e criar padrões mínimos de tributação global.
Regulação digital
O presidente afirmou que a internet “não pode ser terra sem lei” e citou nova legislação brasileira que protege crianças e adolescentes no ambiente digital. Enfatizou ainda a necessidade de governança multilateral sobre inteligência artificial.
Conflitos internacionais
No panorama regional, Lula pediu que a América Latina se mantenha como zona de paz e criticou o uso de força letal fora de contextos de guerra. Sobre a Ucrânia, afirmou que “não haverá solução militar” e defendeu negociações que contemplem preocupações de todas as partes. Em relação ao Oriente Médio, condenou os ataques do Hamas, mas qualificou como “genocídio” a resposta israelense em Gaza e defendeu a criação de um Estado palestino.

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Clima e COP30
Lula declarou que a Conferência do Clima de 2025, marcada para Belém, será “a COP da verdade”. O Brasil, disse, pretende reduzir entre 59% e 67% suas emissões de gases de efeito estufa e lançar o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, voltado a remunerar países que preservam suas matas. Ele também propôs a criação de um conselho climático vinculado à Assembleia Geral da ONU.
Reforma de organismos internacionais
O presidente voltou a defender a ampliação do Conselho de Segurança e a “refundação” da Organização Mundial do Comércio (OMC) para torná-la mais ágil e inclusiva, ressaltando a importância de dar voz ao Sul Global num sistema internacional “cada vez mais multipolar”.
Lula encerrou citando personalidades falecidas em 2025, como o ex-presidente uruguaio José “Pepe” Mujica e o papa Francisco, e apelou por lideranças que rejeitem rivalidades ideológicas e fortaleçam o multilateralismo.
Com informações de g1.globo.com