Lançamento do aplicativo Sora gera tensão interna na OpenAI

O primeiro passo da OpenAI no segmento de redes sociais, o aplicativo Sora – um feed de vídeos curtos gerados por inteligência artificial no estilo TikTok –, desencadeou críticas públicas de pesquisadores atuais e antigos da empresa. O app, lançado em 30 de setembro de 2025, combina clipes criados por IA a deepfakes do CEO Sam Altman e já levanta dúvidas sobre a compatibilidade da iniciativa com a missão original sem fins lucrativos da organização.

Reações de pesquisadores

Em publicações na rede X, o pesquisador de pré-treinamento John Hallman reconheceu receio inicial com a novidade. “Feeds baseados em IA são assustadores”, escreveu em 30 de setembro. Ainda assim, afirmou acreditar que a equipe “fez o melhor possível para criar uma experiência positiva”.

O colega Boaz Barak, professor de Harvard e pesquisador da OpenAI, disse compartilhar o “misto de preocupação e empolgação”, classificando o Sora 2 como “tecnicamente incrível”, mas alertando que é cedo para celebrar a ausência de problemas comuns a outras plataformas e deepfakes.

Já o ex-pesquisador Rohan Pandey aproveitou o momento para divulgar a nova startup Periodic Labs, formada por ex-funcionários da OpenAI focados em IA para descobertas científicas. “Se você não quer construir a máquina de rolagem infinita de IA, mas sim acelerar a ciência fundamental, junte-se a nós”, publicou.

Justificativa de Sam Altman

Em 1º de outubro, Sam Altman defendeu o investimento no Sora. Segundo ele, a receita de produtos de consumo é necessária para financiar pesquisa voltada à inteligência artificial geral (AGI). “Precisamos de capital para construir IA que faça ciência”, escreveu no X, acrescentando que também é “bom mostrar novas tecnologias, fazer as pessoas sorrirem e, quem sabe, gerar receita” para cobrir o alto custo computacional.

Missão x negócio

O crescimento da divisão de consumo pressiona a missão declarada da OpenAI de “beneficiar a humanidade”. Ex-funcionários ouvidos pela reportagem apontam que serviços como ChatGPT podem ajudar a financiar pesquisa e popularizar a tecnologia, mas questionam até que ponto a busca por lucro pode se sobrepor ao estatuto sem fins lucrativos.

O tema também chama a atenção de autoridades. O procurador-geral da Califórnia, Rob Bonta, afirmou em setembro que acompanha a reestruturação da OpenAI para garantir que a prioridade em segurança permaneça central durante a transição para o modelo com fins lucrativos.

Lançamento do aplicativo Sora gera tensão interna na OpenAI - Imagem do artigo original

Imagem: Getty

Riscos de engajamento

Ao contrário do ChatGPT, otimizado para utilidade, o Sora foi projetado “para diversão”, segundo a empresa. A OpenAI diz não priorizar tempo de tela, prometendo alertas quando o usuário rolar demais e priorização de conteúdo de pessoas conhecidas. Mesmo assim, usuários já notaram elementos que estimulam engajamento, como emojis dinâmicos após cada curtida.

Altman, em podcast de junho, citou “desalinhamento” de algoritmos de feed como um dos grandes erros das redes sociais, enfatizando que consequências negativas podem surgir mesmo sem intenção inicial de criar apps viciantes.

Próximos passos

Com apenas um dia de operação, o Sora ainda tem alcance limitado. O desenvolvimento futuro mostrará se a OpenAI conseguirá expandir o aplicativo sem repetir problemas que afetam plataformas concorrentes há anos.

Com informações de TechCrunch

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