Movimentos de esquerda ocuparam na tarde deste domingo, 21 de setembro de 2025, o mesmo trecho da praia de Copacabana, na altura do posto 5, tradicional reduto de atos bolsonaristas, para protestar contra a PEC da Blindagem e a tramitação em regime de urgência do projeto de anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023.
O ato, impulsionado pela confirmação das presenças de Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil, reuniu público estimado pelos organizadores em quase 100 mil pessoas por volta das 15h. A Polícia Militar do Rio de Janeiro não divulga contagem oficial de manifestantes.
A concentração começou por volta do meio-dia, quando participantes vestindo camisas vermelhas e amarelas – tentativa de ressignificar as cores da seleção brasileira – passaram a lotar os vagões do metrô rumo à zona sul carioca.
Pelo menos três quarteirões da avenida Atlântica foram tomados pelo público. Em um carro de som, discursaram, entre outros, os deputados federais Glauber Braga (PSOL-RJ) e Jandira Feghali (PC do B-RJ), além de representantes da Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) e da Une (União Nacional dos Estudantes). Os manifestantes entoaram o coro “sem anistia” enquanto aguardavam as apresentações musicais, realizadas em um trio elétrico.
Dois bonecos infláveis que retratavam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-mandatário norte-americano Donald Trump chamaram a atenção de quem passava.
O local escolhido já foi palco de recentes mobilizações da direita. Em 7 de setembro deste ano, apoiadores de Bolsonaro se reuniram ali durante o julgamento da suposta trama golpista no Supremo Tribunal Federal. No ato de 3 de agosto, o ex-presidente saudou simpatizantes por telefone após ligação do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), descumprindo restrição do STF que o impedia de usar redes sociais. A praia também recebeu, em 7 de setembro de 2022, discurso do então presidente em tom de ataque à Corte e ameaça de ruptura institucional.
Além de Chico, Caetano e Gil, confirmaram presença em Copacabana Ivan Lins, Paulinho da Viola, Lenine, Geraldo Azevedo, Jorge Vercillo, Maria Gadú, Pretinho da Serrinha, Zé Ibarra, Marina Sena e o conjunto Os Garotin. Fora do Rio, Chico César participa de ato em Brasília, Marina Lima em São Paulo, Daniela Mercury em Salvador e Simone em Maceió.

Imagem: Internet
Outra atividade ocorreu na orla nesta manhã: a caminhada pela diversidade religiosa, que ainda estava em andamento às 13h30. Parte das ruas do bairro foi fechada para veículos, enquanto a pista junto à praia, tradicionalmente liberada aos domingos, permaneceu tomada pelos manifestantes.
Organizadas pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, ligadas respectivamente a PSOL e PT, as mobilizações contra a PEC da Blindagem e contra a anistia foram convocadas para 33 cidades, 22 delas capitais. Entre os apoiadores estão MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto).
O que diz a PEC da Blindagem
A proposta, aprovada pela Câmara em 16 de setembro, autoriza deputados e senadores a barrar, em até 90 dias, processos criminais abertos pelo STF e ordens de prisão contra parlamentares. Hoje, o Supremo pode abrir ações sem aval do Congresso e só há possibilidade de prisão em flagrante por crimes inafiançáveis, como racismo ou atentado ao Estado democrático de Direito. O texto segue para votação em dois turnos no Senado.
Também em discussão está o projeto que concede anistia a crimes relacionados ao período entre as eleições de 2022 e 8 de janeiro de 2023. O relator, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), sinalizou que pretende propor redução de penas.
Com informações de Folha de S.Paulo