Investimentos bilionários da celulose transformam pequenas cidades do leste de Mato Grosso do Sul

Uma série de projetos da indústria de celulose, somando mais de R$ 60 bilhões, está mudando a rotina de municípios de pequeno porte no leste de Mato Grosso do Sul, agora batizado oficialmente de Vale da Celulose por lei sancionada em maio pelo governo estadual.

Arauco ergue maior fábrica da sua história em Inocência

Com cerca de 8 mil habitantes, Inocência recebe um investimento de R$ 25 bilhões da chilena Arauco. A planta, projetada para produzir 3,5 milhões de toneladas anuais de fibra curta, emprega atualmente 6 mil trabalhadores e deverá chegar a 14 mil no pico da obra. A companhia financia um plano diretor para o município e constrói uma vila com 620 casas para conter a alta dos preços dos imóveis.

Suzano impulsiona explosão populacional em Ribas do Rio Pardo

Em Ribas do Rio Pardo, a recém-inaugurada fábrica da Suzano, orçada em R$ 22 bilhões e com capacidade superior a 2,5 milhões de toneladas anuais, atraiu migrantes de várias regiões do país. O prefeito Roberson Moureira (PSDB) calcula que a população tenha saltado de 23 mil, em 2022, para 30 mil habitantes. Contêineres viraram hotéis e salas de aula provisórias, e a matrícula escolar subiu 20% neste ano.

Para aliviar o déficit habitacional, a Suzano entregou 954 casas a funcionários e afirma ter destinado mais de R$ 300 milhões a ações de saúde, educação, habitação e segurança. Mesmo assim, a rede de esgoto opera acima do limite — 35 litros por segundo para uma capacidade de 20 —, e a Sanesul já planeja expansão.

Bataguassu aguarda definição de projeto da Bracell

Mais ao sul, Bataguassu espera a confirmação de um complexo da Bracell estimado em R$ 16 bilhões, ainda em fase de estudos e licenciamento.

Expansão do eucalipto e desafios de mão de obra

De acordo com o governo estadual, a área plantada de eucalipto passou de 340 mil para mais de 1,6 milhão de hectares nos últimos 15 anos. Água Clara, Aparecida do Taboado, Brasilândia, Inocência, Paranaíba, Ribas do Rio Pardo, Santa Rita do Pardo, Selvíria e Três Lagoas concentram 87% dessa produção.

O secretário de Desenvolvimento, Jaime Verruck, aponta a mão de obra como principal gargalo: profissionais de construção chegam de outras regiões e, após a entrega das fábricas, haverá demanda por trabalhadores qualificados em operação e manutenção. Estado, prefeituras e empresas compram terrenos e acionam programas com a Caixa para viabilizar moradias populares.

Três Lagoas exibe maturidade, mas cobra voos comerciais

Pioneira no setor, Três Lagoas abriga unidades da Eldorado e da Suzano desde 2009. O PIB per capita local passou de R$ 38.507, em 2010, para R$ 104.352 em 2021. Apesar do avanço econômico, o prefeito Cassiano Maia (PSDB) busca alternativas aéreas após a Azul encerrar operações na cidade e tenta atrair a Gol.

Em âmbito nacional, representantes do setor de papel e celulose anunciaram R$ 105 bilhões em investimentos até 2028, incluindo novas fábricas, ampliações e projetos logísticos como a Rota da Celulose e terminais privados, com Mato Grosso do Sul na linha de frente.

Com informações de Folha de S.Paulo

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