Nanodiamantes fluorescentes liberam fármaco e monitoram reações em células de câncer de mama

Pesquisadores da Universidade de Groningen, na Holanda, desenvolveram um sistema capaz de entregar um medicamento dentro de células de câncer de mama triplo-negativo e, ao mesmo tempo, acompanhar em tempo real as mudanças químicas provocadas pelo tratamento.

O trabalho, descrito na revista Advanced Functional Materials, utilizou nanodiamantes fluorescentes com defeitos do tipo “vacância de nitrogênio”, estruturas que emitem luz e funcionam como sensores quânticos sensíveis a variações magnéticas e químicas.

Como funciona a plataforma

Os nanodiamantes, com menos de 100 nm de diâmetro, receberam três camadas sucessivas:

  • Hiperbranched Polyglycerol (HPG), polímero que aumenta a estabilidade em meio biológico;
  • Ligante sensível a pH, que mantém o fármaco preso em pH neutro e se rompe em ambiente levemente ácido;
  • Diazóxido, molécula conhecida por abrir canais de potássio em mitocôndrias.

Com as modificações, o diâmetro hidrodinâmico passou de aproximadamente 120 nm para cerca de 220 nm e a carga superficial tornou-se menos negativa, favorecendo a entrada nas células.

Liberação controlada do fármaco

Testes em tampão ácido (pH 6,5) mostraram que cerca de 80 % do diazóxido é liberado em oito horas; em pH 7,4, apenas 25 % se desprende no mesmo período. O processo segue cinética de primeira ordem.

Experimentos em células

Em cultivos de células MDA-MB-231 (câncer de mama triplo-negativo), as nanopartículas concentraram-se inicialmente em lisossomos. A dose aplicada correspondeu a 2,75 µM de diazóxido, nível que preservou a viabilidade celular.

Após a liberação do fármaco, os próprios nanodiamantes registraram alterações na quantidade de radicais livres por meio de relaxometria T1. Em 24 h, o tempo T1 aumentou no citoplasma e em lisossomos, indicando queda local de radicais, enquanto a produção de espécies reativas de oxigênio subiu nas mitocôndrias. Aos 48 h, os valores citoplasmáticos voltaram ao normal, mas o estresse mitocondrial persistiu.

Três funções em uma única partícula

O estudo demonstra a integração de: liberação controlada por pH, rastreamento óptico e detecção quântica de mudanças redox. Segundo os autores, a combinação permite observar onde o fármaco age e como altera a química celular sem destruir a amostra — um avanço para terapias guiadas por feedback em tempo real.

Entre os desafios futuros estão reduzir o tamanho final das partículas, aumentar a estabilidade em altas concentrações e adaptar a técnica para tecidos mais espessos ou modelos animais.

Com informações de Nanowerk

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