Trump envia 300 militares da Guarda Nacional a Chicago e amplia intervenções em cidades governadas por democratas

Washington (04.out.2025) – O presidente Donald Trump determinou nesta sexta-feira o envio de 300 integrantes da Guarda Nacional para Chicago, alegando “falta de leis” na maior cidade de Illinois. É a quinta mobilização federal contra um município comandado por democratas desde junho.

O que motivou a decisão

A ordem foi anunciada um dia depois de uma mulher ser baleada durante um ato contra a imigração na cidade. Sem apresentar dados, Trump classificou Chicago como “a cidade mais perigosa do mundo”. Estatísticas da própria polícia mostram 573 homicídios em 2024, queda de 8% em relação a 2023. Em 2022, Colima, no México, liderava o ranking mundial de violência com 189,41 assassinatos por 100 mil habitantes, segundo o Conselho Cidadão para Segurança Pública.

Resistência local

O prefeito Brandon Johnson, que já havia publicado no fim de agosto uma ordem executiva proibindo órgãos municipais de colaborar com operações federais de imigração, disse que a cidade não prestará apoio logístico às tropas.

Outras cidades já ocupadas

Desde junho, a Casa Branca acionou a Guarda Nacional nos seguintes locais:

  • Los Angeles (junho) – destacamento após protestos contra políticas migratórias. O estado entrou na Justiça alegando que a medida aumentou a violência.
  • Washington, D.C. (julho) – controle temporário da polícia por 30 dias, encerrado em setembro, mas com militares ainda posicionados na capital.
  • Memphis (setembro) – previsão de 219 militares para “combater elementos criminosos”. Até início de outubro, 93 pessoas foram presas, embora a polícia local afirme que a presença efetiva da Guarda ainda não começou.
  • Portland (fim de setembro) – envio suspenso ontem pela juíza federal Karin Immergut, que considerou desproporcional a utilização de forças armadas diante da dimensão dos protestos.

Baltimore (Maryland) e Nova Orleans (Luisiana) foram citadas por Trump em discursos, mas nenhuma ordem de mobilização foi formalizada. O governador de Maryland, Wes Moore, já manifestou oposição à presença de militares e reforçou recursos estaduais para segurança.

Base legal contestada

Governadores costumam acionar a Guarda Nacional em emergências, como ocorreu em 2020 após a morte de George Floyd. Trump, porém, recorreu a dispositivos federais que permitem emprego da força sem consentimento estadual em caso de invasão, rebelião ou incapacidade de aplicar as leis. Uma decisão do juiz Charles Breyer, na Califórnia, apontou violação da Lei Posse Comitatus no caso de Los Angeles, por usar militares em tarefas de policiamento civil.

Repercussão política

Analistas lembram que todas as cidades alvo possuem prefeitos negros. Para a professora Karina Stange (Ibmec), a repetição desse padrão reforça estereótipos sobre a gestão de administradores afro-americanos. Já Denilde Holzhacker (ESPM) avalia que a medida agrada à base “Make America Great Again”, mas pode afastar eleitores negros que apoiaram Trump.

Até o momento, a Casa Branca não divulgou prazo para a permanência dos 300 militares em Chicago nem detalhes sobre a sua atuação.

Com informações de UOL Notícias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Notícias Recentes

Compartilhe como preferir

Copiar Link
WhatsApp
Facebook
Email