19 de outubro de 2025 – Cientistas apresentaram uma plataforma experimental de vacina contra o câncer que, além de estimular o sistema imunológico, emite um sinal fluorescente nos gânglios linfáticos para confirmar, quase em tempo real, que a resposta imune começou a acontecer. Os testes foram realizados em camundongos.
Como funciona a tecnologia
A formulação é baseada em nanopartículas lipídicas peptídicas (PLNPs) que transportam moléculas de mRNA contendo o código de antígenos tumorais. O conjunto inclui:
- Lipídeo ionizável, fosfatidilcolina, colesterol e lipídeo PEG, responsáveis por proteger e levar o mRNA às células de defesa;
- Uma versão modificada da peptídeo melitina, extraída do veneno de abelha, incorporada como adjuvante. A melitina é ligada por um pequeno peptídeo “FK”, clivado pela enzima catepsina B (CTSB) quando a nanopartícula é engolida pelas células dendríticas, liberando o adjuvante no local e ativando a via STING;
- Um sensor fluorescente chamado VER (Vaccine Efficacy Reporter), inerte até ser cortado pela enzima ERAP1, que aumenta durante o processo de apresentação de antígenos.
Resultados em laboratório e em animais
No cultivo celular, a formulação contendo 10% de lipídeo com melitina apresentou produção de proteína quatro vezes maior que partículas lipídicas convencionais e elevou marcadores de maturação de células dendríticas. Em camundongos, esse mesmo percentual quase triplicou a quantidade de células dendríticas maduras em gânglios linfáticos próximos ao local de aplicação do imunizante, sem causar toxicidade significativa.
Quando aplicado o mRNA da proteína modelo ovalbumina, as células dendríticas exibiram o antígeno na superfície dez vezes mais do que células não tratadas e 60% mais que aquelas que receberam partículas padrão. A supressão da clivagem pela catepsina B reduziu drasticamente o efeito, confirmando que a liberação controlada da melitina é essencial.
Monitoramento por fluorescência
O sensor VER, administrado na pata traseira, tornou-se fluorescente cerca de 30 minutos após a vacinação nos animais que receberam a nova formulação, indicando atividade de ERAP1 e, consequentemente, processamento de antígenos. A intensidade do sinal correlacionou-se com:

Imagem: Nanowerk https
- Número de células dendríticas maduras nos gânglios linfáticos;
- Níveis de linfócitos T ativados no baço;
- Redução do tamanho de tumores nos modelos avaliados.
Desempenho contra tumores
Em testes preventivos, camundongos vacinados foram desafiados com células de melanoma expressando ovalbumina. A formulação com melitina gerou tumores 13 vezes menores que os do grupo sem tratamento; metade dos animais livrou-se completamente da doença e resistiu a um segundo desafio tumoral. Em modelo terapêutico, nos quais os tumores já estavam estabelecidos, a vacina desacelerou o crescimento e prolongou a sobrevida. Quando combinada a anticorpo anti-PD-L1, o controle tumoral foi ainda maior.
Os autores destacam que o trabalho permanece na fase pré-clínica e utilizou antígeno modelo, mas o conceito de “vacina auto-relatora” pode acelerar ajustes de dose e cronograma em protocolos personalizados contra o câncer.
Com informações de Nanowerk