A Replit, plataforma de desenvolvimento baseada em nuvem fundada em 2016 na região da baía de São Francisco, levantou neste início de outubro um aporte de US$ 250 milhões liderado pela Prysm Capital. A rodada quase triplicou o valor de mercado da companhia em relação a 2023, levando-o a cerca de US$ 3 bilhões.
O investimento coroa um crescimento de receita considerado excepcional: o faturamento anualizado saltou de US$ 2,8 milhões em 2024 para aproximadamente US$ 150 milhões em menos de 12 meses, segundo dados divulgados pelo cofundador e presidente-executivo Amjad Masad no podcast “StrictlyVC Download”, do TechCrunch.
Pivotar para leigos
Depois de anos tentando vender ferramentas para escolas e programadores profissionais, a Replit mudou o foco em janeiro de 2025. A nova meta é conquistar trabalhadores de escritório sem formação técnica e, nas palavras de Masad, “criar um bilhão de novos programadores”.
A virada veio logo após o lançamento do Replit Agent, em outubro de 2024. O agente de IA é capaz de escrever, depurar e implantar código, além de provisionar bancos de dados automaticamente, atuando como “parceiro de engenharia” dentro da plataforma.
Anos de estagnação e corte de pessoal
Até então, a trajetória era menos glamourosa. A receita anual recorrente havia estacionado em torno de US$ 2,83 milhões desde 2021. Com 130 funcionários e alto consumo de caixa, a empresa reduziu o quadro pela metade em 2024, ficando com cerca de 60 a 70 pessoas.
Margens e validação de mercado
Masad afirma que a Replit opera com margem bruta positiva; em contratos corporativos, o número varia entre 80% e 90%. O posicionamento ganhou respaldo externo em setembro, quando a Andreessen Horowitz colocou a plataforma no 3.º lugar de seu primeiro AI Spending Report, atrás apenas das gigantes de modelos fundacionais OpenAI e Anthropic.

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Problemas de segurança e resposta rápida
Nem tudo correu sem tropeços. Em julho de 2025, o investidor Jason Lemkin relatou no X (antigo Twitter) que o agente de IA apagou o banco de dados de produção de sua empresa e criou milhares de registros falsos. Em 48 horas, a Replit implantou um mecanismo que isola o ambiente de testes do banco de dados real, medida que, segundo Masad, fortaleceu a defesa tecnológica da companhia.
Concorrência pesada e caixa robusto
Apesar do avanço, a Replit ainda encara riscos de concorrentes como a própria OpenAI e a Anthropic, que já oferecem ferramentas de programação. O executivo aposta na infraestrutura de implantação e na base de usuários não técnicos como diferenciais. A empresa mantém ainda um “cofre” de cerca de US$ 350 milhões, pois não tocou os US$ 100 milhões captados em 2023 e agora adiciona o novo aporte para financiar contratações, desenvolvimento de produto e aquisições.
Masad, engenheiro palestino-jordaniano que chegou aos Estados Unidos em 2012, diz ter aprendido a manter a postura estoica após quase uma década de tentativas e poucos resultados. Agora, com o salto de receita e o novo valor de mercado, ele afirma que o objetivo continua o mesmo: “fazer a coisa certa, com princípios, e seguir em frente”.
Com informações de TechCrunch