Plataforma de nanomedicina personalizável com mRNA mostra potencial para terapia oncológica sob medida

Pesquisadores da Universidade de Toronto e do Princess Margaret Cancer Centre, do University Health Network, desenvolveram uma plataforma de nanomedicina baseada em RNA mensageiro (mRNA) capaz de direcionar o tratamento de forma precisa a células tumorais, reduzindo efeitos colaterais em tecidos saudáveis. O estudo pré-clínico foi publicado em 29 de outubro de 2025 na revista Nature Nanotechnology.

Denominada TITUR, a tecnologia une dois componentes principais: lipídios ionizáveis personalizados para cada tipo de tumor (TIs) e regiões não traduzidas específicas de tumor (TURs). Juntas, essas partes garantem que o mRNA carregado seja entregue e traduzido quase exclusivamente nas células cancerosas.

No trabalho liderado por Bowen Li, professor assistente na Faculdade de Farmácia Leslie Dan e titular da Cátedra de Pesquisa do Canadá em RNA e Terapêuticas, a equipe testou a plataforma em modelos animais de melanoma e câncer de mama triplo-negativo. Os resultados mostraram distribuição eficiente do mRNA nos tumores e mínima toxicidade sistêmica.

O mRNA administrado codifica a proteína 4HB, capaz de induzir morte celular imunogênica. Esse processo não só elimina células tumorais como também estimula o sistema imune, transformando tumores “frios” — pouco responsivos à imunoterapia — em “quentes”, mais suscetíveis ao ataque imunológico.

Segundo Li, controlar os efeitos fora do alvo é essencial para que terapias com mRNA avancem na oncologia. Nos experimentos, a emissão controlada da 4HB limitou danos a células saudáveis e conseguiu frear o crescimento tumoral com perfil de segurança superior ao de sistemas de entrega usados em vacinas contra doenças infecciosas, como a COVID-19.

Para Hansen He, cientista sênior no Princess Margaret Cancer Centre, a modularidade do TITUR aproxima a medicina personalizada da prática clínica. Futuras etapas incluirão o uso de dados de sequenciamento de pacientes para ajustar ainda mais a composição da plataforma a cada caso.

Os autores apontam que tanto os lipídios ionizáveis quanto as regiões não traduzidas podem ser adaptados a diferentes tipos de câncer, ampliando o espectro de aplicações e contribuindo para respostas imunes duradouras que podem reduzir recorrência e metástase.

Com informações de Nanowerk

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