PF desarticula esquema de mineração ilegal que girou R$ 4 bilhões em Minas Gerais

A Polícia Federal prendeu 15 pessoas na semana passada sob acusação de integrar um esquema bilionário de mineração ilegal em Minas Gerais. Segundo a investigação, o grupo era liderado por Alan Cavalcante do Nascimento, que, em áudio interceptado, ironizou os danos ambientais ao afirmar que a quantidade de rejeitos “dá para colocar piso em Belo Horizonte toda”.

Além de Cavalcante, foram detidos o ex-deputado estadual João Alberto Paixão Lages e o especialista em mineração Hélder Adriano de Freitas. A PF aponta pagamento de propina para a obtenção de licenças ambientais e participação de servidores públicos no esquema.

A empresa Fleurs Global, usada para processar o minério extraído, movimentou R$ 4 bilhões em cinco anos e poderia ter alcançado até R$ 18 bilhões em receitas clandestinas. O dinheiro financiava imóveis de luxo à beira-mar, carros importados e garrafas de vinho de até R$ 25 mil.

Moradores do distrito de Botafogo, em Ouro Preto, relatam impacto direto: queda drástica no abastecimento de água e soterramento de uma gruta durante a extração. “Sempre teve água. De uns anos para cá, por causa dessa mineração, a água diminuiu muito”, contou o aposentado Antônio Siqueira Sobrinho.

Parte das provas foi entregue pela ex-mulher de Alan Cavalcante. Em depoimento, ela indicou esconderijos com malas contendo US$ 10 milhões e relatou tentativas do ex-marido de influenciar autoridades. A testemunha descreveu o empresário como “psicopata” e detalhou estratégias de intimidação a políticos e juízes.

Entre os servidores citados estão Caio Mário Trivellato Seabra Filho, diretor da Agência Nacional de Mineração (ANM), e o delegado federal Rodrigo de Melo Teixeira, apontado como sócio oculto de uma das empresas envolvidas. A reportagem do Fantástico não conseguiu contato com as defesas. Em nota, a ANM informou que colabora com as investigações. Também foram presos Arthur Ferreira Rezende, diretor da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), e Rodrigo Gonçalves Franco, ex-presidente da fundação; os advogados dos dois não foram localizados.

Após a operação, a extração na Serra de Botafogo foi suspensa. Para a professora Cristiane Castro Gonçalves, do curso de Engenharia Geológica da UFOP, a recuperação ambiental exigirá licenciamento rigoroso e fiscalização constante.

Com informações de g1

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