Pesquisadores transformam células de pele humana em óvulos funcionais

Cientistas da Oregon Health & Science University (OHSU), nos Estados Unidos, apresentaram um proof of concept que converte células de pele em óvulos capazes de originar embriões humanos iniciais. O estudo foi publicado em 17 de outubro de 2025 na revista Nature Communications.

Segundo a equipe, a técnica pode futuramente ampliar opções de tratamento para mulheres com infertilidade relacionada à idade, pacientes que perderam a fertilidade após tratamentos contra o câncer e casais homoafetivos que desejam filhos geneticamente ligados a ambos os parceiros. Ainda assim, os autores estimam pelo menos dez anos de pesquisas adicionais antes de qualquer ensaio clínico.

Como foi feito

O método, batizado de “mitomeiose”, combina características das duas principais formas de divisão celular:

  • Mitoses produzem duas células idênticas.
  • Meioses reduzem pela metade o número de cromossomos em óvulos e espermatozoides.

Na prática, os pesquisadores transplantaram o núcleo de uma célula de pele para um óvulo doador que teve seu núcleo removido. O citoplasma do óvulo induziu o núcleo implantado a descartar metade dos 46 cromossomos, formando um óvulo haploide com 23 cromossomos. Em seguida, esse óvulo foi fertilizado por espermatozoide em laboratório, restabelecendo o total de 46 cromossomos no embrião.

Resultados iniciais

Foram gerados 82 óvulos funcionais; após a fertilização, a maioria não ultrapassou os estágios de 4 a 8 células e apresentou anomalias cromossômicas. Apenas 9% alcançaram o estágio de blastocisto, seis dias após a fecundação, etapa em que embriões costumam ser transferidos em procedimentos de FIV. Nenhum embrião foi cultivado além desse ponto.

Pesquisadores transformam células de pele humana em óvulos funcionais - Imagem do artigo original

Imagem: Internet

“Conseguimos algo considerado impossível”, afirmou o autor sênior Shoukhrat Mitalipov, diretor do Centro de Terapia Celular e Gênica Embrionária da OHSU. A coautora Paula Amato, professora de obstetrícia e ginecologia, destacou o potencial de oferecer esperança a milhões de pessoas sem óvulos ou espermatozoides viáveis.

Apesar do avanço, os pesquisadores enfatizaram que a técnica é preliminar. “Nosso estudo demonstra o potencial da mitomeiose para a gametogênese in vitro, mas ainda é apenas um conceito; mais trabalho é necessário para garantir eficácia e segurança”, concluem os autores.

Com informações de Nanowerk

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