São Francisco, 13 de outubro de 2025 – A Oura Health, fabricante finlandesa do anel inteligente Oura Ring, direciona sua estratégia para mulheres de 20 e poucos anos enquanto rivais tentam seduzir atletas e entusiastas de academia. A informação foi detalhada pela diretora comercial da empresa, Dorothy Kilroy, durante o Elevate, conferência realizada na semana passada em Toronto.
Crescimento impulsionado pelo boca a boca
Segundo Kilroy, as recomendações de usuários continuam sendo o principal motor de expansão do negócio, modelo parecido com o que ela acompanhou em oito anos trabalhando no Airbnb. “As pessoas falam sobre suas pontuações de sono”, afirmou. A Oura mantém hoje cerca de 80% do mercado global de anéis inteligentes, categoria que a companhia ajudou a criar há 13 anos.
A executiva destacou que o público que mais cresce é formado por mulheres na faixa dos 20 anos, interessadas em monitorar aspectos de saúde mental, redução de consumo de álcool e acompanhamento do ciclo menstrual. O foco nesse grupo levou a empresa a lançar funcionalidades como rastreamento de ciclo, detecção de ovulação com precisão próxima de 97%, recursos para perimenopausa e suporte ampliado a gestantes.
Retenção alta e expansão de receita
A Oura afirma ter dobrado a receita em 2024 e projeta novo salto de 100% em 2025. A taxa de retenção após 12 meses permanece na casa dos 80%, contra índices em torno de 30% reportados por outras marcas de wearables. O anel é comercializado em 4.000 lojas físicas e integra dados a mil parceiros via API. A companhia emprega mais de 30 PhDs e médicos e mantém colaborações com UCSF, UC Berkeley e Stanford.
Concorrência e diferenciação
O avanço de competidores é crescente. A Samsung prepara o Galaxy Ring, a Ultrahuman vende anel semelhante sem assinatura mensal e a Whoop, popular entre atletas, lançou serviço de testes de sangue um dia antes de a Oura anunciar parceria semelhante com a Quest Diagnostics. Apesar disso, Kilroy minimiza o risco de perda de usuários para modelos sem mensalidade: “Nossos membros veem valor no produto e seguem pagando”, declarou.
Integração de dados clínicos
Além da Quest, a Oura firmou no fim de 2024 acordo com a Dexcom para sobrepor métricas de glicose contínua aos dados do anel, ampliando o foco em saúde metabólica. Kilroy relatou que testou o recurso por nove meses e observou picos de glicose associados ao estresse.

Imagem: Internet
Polêmica com Departamento de Defesa
Em julho, a empresa recebeu críticas após contrato de US$ 96 milhões para fornecer anéis ao Departamento de Defesa dos EUA, com suporte da Palantir. Organizações de privacidade questionaram possível compartilhamento de dados biométricos. No evento, Kilroy reiterou que informações de usuários civis não são repassadas ao governo.
Enquanto concorrentes miram homens jovens focados em desempenho atlético, a Oura reforça que se posiciona como plataforma de saúde preventiva. “Não somos apenas um rastreador de fitness”, resumiu Kilroy.
Com informações de TechCrunch