São Paulo – O Ministério Público de São Paulo, a Receita Federal e a Polícia Militar cumpriram, na manhã desta quinta-feira (25), 25 mandados de busca e apreensão para investigar suspeita de lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC) no setor de combustíveis e em casas de jogos de azar.
A ação, coordenada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), é um desdobramento da Operação Carbono Oculto, deflagrada em 28 de agosto. Na ocasião, foram mirados postos de gasolina, empreendimentos imobiliários, motéis e lojas franqueadas usados para ocultar patrimônio e recursos ilícitos.
Alvos e locais das buscas
Os mandados atingem endereços ligados ao empresário Flávio Silvério Siqueira e à fintech BK Bank em sete municípios paulistas: São Paulo, Santo André, Barueri, Campos do Jordão, Osasco, Santos e Bertioga.
Participam da operação 64 servidores da Receita, 28 integrantes do Ministério Público, representantes da Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado e cerca de 100 policiais militares.
Esquema de lavagem
De acordo com o Gaeco, a investigação começou após a apreensão de maquininhas de cartão em duas casas de apostas ilegais em Santos. Os equipamentos estavam registrados em nome de postos de gasolina, e o dinheiro era transferido para o BK Bank.
A Receita Federal afirma que recursos de origem criminosa eram inseridos no sistema formal por meio de empresas operacionais, sendo movimentados por fintechs e, depois, reinvestidos em negócios, imóveis e outros ativos através de Sociedades em Conta de Participação (SCP).

Imagem: Internet
Números identificados pela Receita
- 267 postos de combustíveis ativos movimentaram R$ 4,5 bilhões entre 2020 e 2024, mas recolheram apenas R$ 4,5 milhões em tributos federais (0,1%).
- Administradoras de postos somaram R$ 540 milhões no mesmo período.
- 21 CNPJs ligados a 98 estabelecimentos de uma mesma franquia movimentaram R$ 1 bilhão; emitiram R$ 550 milhões em notas fiscais, pagaram R$ 25 milhões em tributos (2,5%) e distribuíram R$ 88 milhões em lucros.
- Mais de 60 motéis, em nome de “laranjas”, registraram R$ 450 milhões entre 2020 e 2024.
- Um restaurante instalado em motel distribuiu R$ 1,7 milhão em lucros após faturar R$ 6,8 milhões entre 2022 e 2023.
Bens de alto valor
Com o dinheiro lavado, segundo a Receita, os suspeitos adquiriram imóveis, terrenos onde funcionam motéis, um iate, helicópteros e um Lamborghini Urus, todos avaliados em mais de R$ 20 milhões.
Evidências de adulteração de combustível
E-mails obtidos após quebra de sigilo indicam lucros com combustível adulterado, além da exploração de jogos de azar. Postos ligados a Silvério já haviam sido autuados pela Agência Nacional do Petróleo; um deles, o Posto de Serviços DJF, movimentou mais de R$ 1,5 milhão.
A defesa dos investigados não foi localizada até a publicação desta reportagem.
Com informações de Folha de S.Paulo