Uma equipe de cientistas japoneses apresentou, em 29 de outubro de 2025, um conceito batizado de robótica supramolecular, que permite a materiais macios mover-se, transformar-se e se auto-organizar por meio de interações moleculares dinâmicas. O trabalho foi publicado na revista Accounts of Materials Research.
O estudo foi conduzido pelo professor associado Taisuke Banno, do Departamento de Química Aplicada da Universidade Keio, em colaboração com o pesquisador pós-doutor Tomoya Kojima, da Universidade de Agricultura e Tecnologia de Tóquio, e o doutorando Shoi Sasaki, também da Keio.
Três pilares da nova abordagem
Segundo o grupo, a robótica supramolecular baseia-se em três princípios:
Motilidade – gotículas de óleo reativas imersas em água geram convecção espontânea devido a variações de tensão superficial (efeito Marangoni), movimentando-se de forma autônoma e até formando padrões coletivos semelhantes a enxames microbianos.
Transição de fase – estruturas como micelas, vesículas ou géis alternam estados diante de estímulos como luz ou variação de pH, permitindo comportamentos reversíveis ou irreversíveis inspirados na adaptação biológica.
Formação de prototecidos – vesículas similares a protocélulas unem-se por interações não covalentes, originando estruturas maiores que apresentam movimento coletivo e comunicação interna, lembrando tecidos vivos.
Imagem: Internet
Interações que lembram processos biológicos
O sistema explora forças hidrofóbicas, eletrostáticas e de ligação de hidrogênio para criar blocos moleculares capazes de reorganização contínua. Essa estratégia aproxima a química supramolecular de funcionalidades típicas da robótica, como processamento de informação e resposta integrada a múltiplos sinais.
Aplicações possíveis
De acordo com Banno, materiais adaptativos resultantes desse método podem futuramente atuar em drug delivery direcionado, remediação ambiental e construção de robôs macios autônomos. Um exemplo demonstrado pelo time foi a produção de fibras de prototecido que, em escala microscópica, formaram letras específicas, ilustrando a capacidade de “escrever” com arranjos moleculares programáveis.
Os autores defendem que a fusão de química supramolecular e pensamento sistêmico pode levar a dispositivos que não apenas reagem, mas também avaliam o ambiente e ajustam seu comportamento – característica central dos organismos vivos.
Com informações de Nanowerk


