Marés podem deixar anãs brancas em sistemas binários muito mais quentes, revela pesquisa

17 de outubro de 2025 – Quioto, Japão. Um estudo liderado pela astrofísica Lucy Olivia McNeill, da Universidade de Quioto, sugere que forças de maré elevam significativamente a temperatura e o tamanho de anãs brancas que orbitam em pares ultracompactos, desafiando previsões teóricas anteriores.

As anãs brancas são os núcleos remanescentes de estrelas que cessaram a fusão nuclear. Em sistemas binários antigos, elas costumam ter cooling ages avançadas e superfícies em torno de 4 000 Kelvin. No entanto, observações recentes de pares com período orbital inferior a uma hora revelaram corpos com temperaturas entre 10 000 e 30 000 Kelvin e diâmetros duas vezes maiores do previsto.

Para explicar o fenômeno, McNeill e sua equipe desenvolveram um arcabouço teórico que calcula o aquecimento por maré em anãs brancas de órbita curta. O modelo permite projetar a evolução térmica e orbital desses objetos, no passado e no futuro.

Os resultados indicam que o puxão gravitacional da anã branca menor aquece internamente a companheira maior, porém menos massiva, aumentando seu raio e elevando a temperatura de sua superfície para pelo menos 10 000 Kelvin. Com esse inchaço, prevê-se que essas estrelas atinjam o ponto de transferência de massa com raios cerca de duas vezes maiores do que os calculados por teorias tradicionais e em períodos orbitais até três vezes mais longos.

“Esperávamos algum aumento de temperatura, mas nos surpreendeu o quanto o período orbital diminui quando as Roche lobes se tocam nos sistemas mais antigos”, comentou McNeill.

Marés podem deixar anãs brancas em sistemas binários muito mais quentes, revela pesquisa - Imagem do artigo original

Imagem: Internet

O artigo com as conclusões, intitulado “Tidal Heating in Detached Double White Dwarf Binaries”, foi publicado no The Astrophysical Journal. Segundo os autores, entender esses processos é fundamental, já que sistemas binários de anãs brancas de curto período podem emitir ondas gravitacionais e desencadear eventos como supernovas do tipo Ia e variáveis cataclísmicas.

Nas próximas etapas, a equipe planeja aplicar o modelo a sistemas formados por anãs brancas de carbono-oxigênio, buscando esclarecer possíveis cenários de explosões do tipo Ia, especialmente se temperaturas mais realistas favorecem a hipótese de fusão dupla.

Com informações de Nanowerk

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