Nova York – A 80ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, realizada nesta terça-feira (23), evidenciou posições opostas entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump sobre a crise do clima.
Lula exige metas ambiciosas na COP30
No discurso que abriu os debates, Lula destacou a Conferência do Clima da ONU prevista para Belém, a COP30, e cobrou que todos os países apresentem novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). O presidente alertou que, sem essas metas, “caminharemos de olhos vendados para o abismo”.
Lula propôs a criação de um conselho ambiental dentro da ONU, defendeu a revisão do atual mecanismo de negociação climática e ressaltou que nações ricas têm responsabilidade histórica pelas emissões. “Exigir maior ambição e maior acesso a recursos e tecnologias não é caridade, é justiça”, afirmou.
O chefe do Executivo brasileiro citou ainda compromissos nacionais: redução de 59% a 67% das emissões de gases de efeito estufa e a queda de 50% no desmatamento da Amazônia nos últimos dois anos. Também mencionou o Fundo Florestas para Sempre (TFFF) e pediu que a corrida por minerais críticos não repita práticas predatórias do passado.
Trump descarta renováveis e chama agenda verde de “esquema”
Na sequência, Donald Trump divergiu frontalmente. O republicano declarou que a mudança climática é “o maior esquema de golpe jamais feito no mundo” e defendeu o uso contínuo de combustíveis fósseis. Segundo ele, fontes renováveis são caras e “levarão países à falência”.
Trump afirmou que os Estados Unidos estão “se livrando” de energias “falsamente chamadas de renováveis” e classificou turbinas eólicas como “patéticas”. O ex-presidente citou, em tom irônico, a China — grande investidora em energia limpa —, aconselhou o primeiro-ministro britânico Keir Starmer a investir em petróleo e elogiou a Alemanha por retomar combustíveis fósseis e energia nuclear.

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O norte-americano criticou tarifas sobre serviços petroleiros, pediu que a Europa interrompa a importação de combustíveis da Rússia e advertiu: “Se vocês não se livrarem do esquema verde, seus países vão falhar”.
Breve encontro e “química”
Lula e Trump trocaram cumprimentos entre as duas falas. Trump disse ter sentido “excelente química” com o brasileiro durante os aproximadamente 30 segundos de conversa e sugeriu um possível novo encontro na semana seguinte.
As declarações contrastantes marcaram o primeiro dia da Assembleia-Geral e antecipam o debate que deve dominar a COP30, quando as nações serão cobradas a apresentar metas mais rígidas de descarbonização.
Com informações de Folha de S.Paulo