Cientistas liderados por Purusharth I. Rajyaguru demonstraram que a levedura Saccharomyces cerevisiae consegue sobreviver a estresses parecidos com os encontrados em Marte, como ondas de choque de impactos de meteoritos e a presença de percloratos no solo. O estudo foi divulgado em 14 de outubro de 2025 na revista PNAS Nexus.
Como foi feito o teste
Para reproduzir o choque de um impacto marciano, os pesquisadores usaram o High-Intensity Shock Tube for Astrochemistry (HISTA), instalado no Physical Research Laboratory, em Ahmedabad, Índia. As células foram submetidas a ondas de choque de 5,6 Mach, velocidade que ocasionou apenas um crescimento mais lento, sem eliminar os microrganismos.
Em outro ensaio, a levedura foi exposta a 100 mM de perclorato de sódio (NaClO4), concentração comparável à encontrada no regolito marciano. Mesmo diante desse sal fortemente oxidante, as células mantiveram-se viáveis.
Mecanismo de defesa
Os autores observaram que, em ambas as situações, a levedura formou condensados ribonucleoproteicos (RNP), estruturas de RNA e proteínas que protegem moléculas mensageiras (mRNAs) durante o estresse. Ondas de choque estimularam a formação de grânulos de estresse e P-bodies; já o perclorato desencadeou apenas P-bodies.
Mutantes incapazes de montar esses condensados apresentaram menor taxa de sobrevivência, sugerindo que as RNPs são essenciais para enfrentar os desafios simulados. Uma análise de transcriptoma revelou ainda quais RNAs tiveram sua expressão alterada pelas condições “marcianas”.

Imagem: Internet
De acordo com a equipe, os resultados reforçam o valor da levedura como modelo para investigar a viabilidade de organismos diante do ambiente hostil de Marte.
Com informações de Nanowerk