São Francisco (EUA) – 29.out.2025 – O empreendedor Kevin Rose, criador do Digg, afirmou que o futuro das redes sociais depende da formação de espaços protegidos e compostos por usuários de confiança, em meio à proliferação de agentes virtuais quase indistinguíveis de pessoas reais.
No palco do TechCrunch Disrupt 2025, no Moscone Center, Rose relatou que a percepção de uma “internet morta” — conceito que postula o predomínio de robôs sobre indivíduos — foi discutida com Alexis Ohanian, cofundador do Reddit. Juntos, eles adquiriram no início deste ano os ativos remanescentes do antigo Digg, extinto há anos, para reconstruí-lo como uma plataforma comunitária voltada à autenticidade.
Verificação sem exposição de dados
Segundo Rose, a checagem de identidade será feita por meio de zero-knowledge proofs (ZKP), método criptográfico que confirma características essenciais de um usuário sem revelar informações pessoais. “À medida que o custo para lançar bots cai a praticamente zero, comprovar que há um ser humano do outro lado torna-se vital”, declarou.
O executivo exemplificou que o moderador de um fórum para proprietários do anel inteligente Oura poderia exigir prova de posse do dispositivo antes de autorizar publicações, sem obrigar ninguém a mostrar nome ou rosto. A mesma solução seria útil em grupos que abordam saúde ou outros temas sensíveis.
Poder e remuneração para moderadores
Rose defendeu que fundadores e moderadores recebam participação financeira e autonomia sobre as comunidades que cultivam. Ele lembrou que, quando inaugurou o Digg em 2004, colaboradores forneciam conteúdo sem retorno. “Há moderadores no Reddit que trabalham quase ininterruptamente contra spam e conflitos e não recebem parte da receita, além de correrem o risco de perder o acesso à base que construíram”, observou.
O empresário citou ainda casos em que grandes subreddits tiveram seus nomes registrados como marcas, o que impediu criadores de usar essas denominações em projetos externos, como livros. Para evitar situações semelhantes, o novo Digg pretende adotar modelo mais próximo ao de plataformas como Substack ou Patreon, onde o gestor tem maior domínio sobre sua audiência.
Pequenas comunidades, grandes desafios
A estratégia do Digg inclui privilegiar microcomunidades, reduzindo o alcance de bots e incentivando discussões de nicho. “Prova de ‘batimento cardíaco’ — garantia de que existe uma pessoa real — torna-se essencial quando agentes artificiais podem se passar por usuários humanos”, reforçou Rose.
Imagem: Getty
Embora reconheça que métodos atuais de verificação — como reconhecimento facial, envio de documentos ou microtransações com cartão — afastem parte do público, o fundador aposta na adoção gradual de tecnologias criptográficas como caminho para equilibrar privacidade e confiança.
Com as mudanças, Rose e Ohanian pretendem reposicionar o Digg como alternativa a fóruns consolidados, oferecendo controle de dados, monetização e identificação segura sem sacrificar o anonimato. O cronograma de lançamento da nova versão do site não foi detalhado durante o evento.
Encerrada a apresentação, Rose reiterou que o principal objetivo é garantir que “pessoas reais conversem com pessoas reais”, sustentando o valor das interações em uma internet cada vez mais povoada por inteligências artificiais.
Com informações de TechCrunch


