São Francisco (EUA) – “Keeper”, recém-lançado pela Double Fine, chega ao mercado sem se enquadrar em gêneros tradicionais e consolida a fama do estúdio por experiências pouco convencionais. O título aposta em narrativa sem palavras, foco no deslocamento do personagem e fortes mudanças de ritmo, lembrando superficialmente “Journey” (2012), mas segue caminhos próprios.
No início da aventura, um farol ganha vida para salvar um pássaro de uma nuvem parasitária. A construção desaba, reconstrói-se em seguida sobre três pernas finas e, cambaleante, torna-se o protagonista jogável. A partir daí, o jogador aprende a se locomover em passos pesados, enquanto usa a luz do farol para interagir com elementos do cenário ou orientar o pássaro em tarefas específicas.
A jornada até uma montanha distante sustenta a estrutura básica. Não há condição de morte ou falha, privilegiando exploração contemplativa e resolução de enigmas simples. As paisagens misturam sucata, decadência e formas irregulares que lembram corais, mas transbordam vida. A Double Fine busca “encontrar beleza no feio”, ideia reforçada pela animação detalhada tanto do farol quanto do pássaro.
A câmera permanece fixa na maior parte do tempo, liberando o segundo analógico apenas para direcionar o feixe de luz. Com isso, cada cena é enquadrada como se fosse um filme, potencializada por um efeito que simula pintura a óleo. Segundo a crítica especializada, esse é o jogo mais bonito já produzido pelo estúdio, oferecendo momentos visuais considerados inéditos no meio.
Metade da campanha marca a primeira de várias mudanças drásticas. Por um breve período, o controle da câmera fica mais livre, permitindo exploração ampliada, mas exigindo buscas adicionais para descobrir o caminho correto. Na sequência, “Keeper” se reinventa mais de uma vez; cada transição se baseia nas mecânicas aprendidas até então e reforça temas sobre a convivência entre criações humanas e natureza.

Imagem: Steve Watts
O lançamento ocorre em meio às recentes dificuldades da Microsoft com a divisão Xbox e ao aumento de preço do Game Pass. “Keeper” é citado como exemplo de projeto autoral que se beneficiou do investimento do serviço de assinatura, levantando dúvidas sobre a continuidade de iniciativas similares no futuro.
No conjunto, a obra é descrita como um “poema em forma de jogo”: visualmente impressionante, mecânica de movimento refinada e forte identidade artística, posicionando-se como um dos projetos mais autoconfiantes da Double Fine.
Com informações de GameSpot