A Administração Nacional de Segurança no Tráfego nas Rodovias (NHTSA, na sigla em inglês) abriu uma investigação sobre o Full Self-Driving (FSD), sistema de assistência ao motorista da Tesla, após receber relatos de que o software teria feito veículos avançarem sinais vermelhos e ingressarem em faixas contrárias.
De acordo com o órgão, já foram identificadas mais de 50 ocorrências desse tipo, quatro delas resultando em feridos. Trata-se de uma das primeiras apurações focadas exclusivamente no FSD. Em outubro de 2024, a NHTSA já havia iniciado um inquérito sobre o mesmo sistema por colisões em condições de baixa visibilidade.
Antes disso, em abril de 2024, a agência concluiu investigação sobre o Autopilot, sistema menos avançado da montadora, ligando seu uso incorreto a 13 acidentes fatais. Uma verificação sobre a eficácia da atualização enviada pela Tesla para o Autopilot segue em andamento.
Queixas sobre sinais vermelhos e invasão de faixas
O Escritório de Investigação de Defeitos (ODI) da NHTSA informou ter recebido 18 reclamações de consumidores e um relato da imprensa alegando que o FSD não parou — ou não permaneceu parado — em semáforos vermelhos. Outros seis registros partiram da própria Tesla, via ordem que obriga fabricantes a comunicar incidentes envolvendo veículos com condução autônoma ou parcial.
Alguns desses problemas se repetiram em um mesmo cruzamento em Joppa, Maryland. Segundo a agência, a Tesla já adotou medidas para corrigir o comportamento do software nesse ponto específico.
O ODI também detectou 18 reclamações adicionais, dois relatos da mídia e dois registros enviados pela montadora sobre casos em que o carro, com FSD ativo, entrou na pista oposta após uma curva, ultrapassou faixa dupla contínua ou tentou acessar uma via na contramão, ignorando placas de sentido proibido.
Há ainda seis queixas, um relato jornalístico e quatro notificações da Tesla envolvendo manobras em que o veículo seguiu reto a partir de faixa de conversão ou virou a partir de faixa de tráfego contínuo. Algumas dessas mudanças de faixa teriam ocorrido com pouco aviso ao motorista, limitando a possibilidade de intervenção.

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Primeira etapa rumo a possível recall
A NHTSA classificou a apuração como Preliminary Evaluation, passo inicial que pode levar a um recall obrigatório. O objetivo é concluir o processo em até oito meses, embora o prazo possa ser afetado pelo atual shutdown do governo federal.
A abertura da investigação coincide com o lançamento da versão mais recente do FSD, divulgada nesta semana pela Tesla. O CEO Elon Musk afirma que a atualização utiliza dados coletados durante o projeto piloto de robotáxis em Austin, Texas.
No início do ano, o Departamento de Eficiência Governamental, vinculado à administração Musk, promoveu cortes significativos na equipe da NHTSA dedicada à segurança de veículos autônomos, segundo relatos.
Com informações de TechCrunch