Hidrogel condutivo cria “impressão digital” impossível de clonar para autenticação de produtos

Um estudo publicado em 18 de outubro de 2025 na revista Advanced Materials apresenta um hidrogel condutivo capaz de gerar assinaturas eletroquímicas únicas e irreproduzíveis, propondo uma nova camada de segurança física para cadeias de suprimentos e dispositivos flexíveis.

Como funciona o material

O hidrogel é formado por polipirrol (PPy), responsável pela condução eletrônica, e poliestireno sulfonato (PSS), que conduz íons e confere elasticidade. Durante a síntese, ocorre o “regional assembly crosslinking” (RAC), processo em que as duas fases se separam sob campo elétrico, criando milhares de junções de transdução íon-elétron com características ligeiramente diferentes.

Essas diferenças microestruturais transformam o material em uma matriz tridimensional de resistores (regiões ricas em PPy) e capacitores (áreas dominadas por PSS). O resultado é um mapeamento não linear entre sinais de entrada e de saída — a base de um Physical Unclonable Function (PUF).

Desempenho eletroquímico

Ensaios comparativos mostram capacitância média de 114 mF/cm² no gel RAC, contra 65 mF/cm² em amostras uniformes. Em testes de pulso, o novo hidrogel atinge 90% da tensão máxima em aproximadamente 13 ms e cai para 10% em cerca de 49 ms, tempos várias vezes mais rápidos do que o controle.

Capacidade de desafio e repetibilidade

Para demonstrar a aplicação prática, pesquisadores integraram o gel entre eletrodos de ouro gravados a laser em filmes flexíveis. Um “desafio” digital é codificado como sequência de pulsos que representam um quadro 8×8, gerando até 264 combinações — cerca de 10 quintilhões de possibilidades. Repetido mil vezes, o dispositivo apresentou coeficiente de correlação de 0,999, mantendo desempenho após dobras mecânicas e variações de temperatura.

Resistência a cópias e ataques de aprendizado de máquina

Tentativas de clonagem física sob condições idênticas produziram curvas de resposta discernivelmente diferentes. Modelos computacionais — regressão linear, pequena rede neural e um Transformer treinado com 300 mil pares entrada-saída — não conseguiram prever as curvas completas com a precisão exigida; erros persistiram, sobretudo em trechos com variação rápida de sinal.

Custos e aplicações

Os polímeros PPy e PSS são de baixo custo, e a fabricação requer apenas controle de tensão e gravação a laser em substratos flexíveis. A combinação de produção barata, alto número de desafios possíveis e dificuldade de falsificação torna a tecnologia promissora para autenticação de eletrônicos, sensores vestíveis, embalagens inteligentes e implantes médicos.

O trabalho é assinado por uma equipe que inclui Fei Zhao, do Instituto de Tecnologia de Pequim, e apresenta uma rota viável para integrar segurança diretamente na estrutura molecular de materiais macios.

Com informações de Nanowerk

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