O Content Overseas Distribution Association (CODA), entidade que reúne diversas editoras e estúdios japoneses — entre eles o Studio Ghibli — enviou na semana passada uma carta à OpenAI solicitando que a empresa interrompa o uso de materiais protegidos por direitos autorais de seus associados no treinamento de modelos de inteligência artificial.
Segundo a organização, a prática de usar obras sem autorização contraria a legislação de direitos autorais do Japão, que exige consentimento prévio para qualquer reprodução. “Quando obras específicas são reproduzidas ou geradas de forma similar como saída, o ato de cópia durante o processo de aprendizado de máquina pode configurar infração”, afirmou a associação.
O pedido ocorre após sucessivas polêmicas envolvendo conteúdos inspirados nos filmes do Studio Ghibli. Desde março de 2025, quando o gerador de imagens nativo do ChatGPT foi lançado, tornou-se comum internautas criarem selfies e fotos de animais “no estilo Ghibli”. O próprio CEO da OpenAI, Sam Altman, chegou a trocar sua foto de perfil na rede X por uma versão “ghiblificada”.
A preocupação ganhou força com a liberação gradual do Sora, aplicativo de geração de vídeos da OpenAI. A ferramenta já motivou reclamações de empresas como Nintendo e do espólio de Martin Luther King Jr., que temem falsificações digitais de personagens ou personalidades.
Até o momento, cabe à OpenAI decidir se atenderá ao pedido. Caso contrário, as companhias japonesas podem recorrer à Justiça. Nos Estados Unidos, o cenário ainda é incerto: a lei de direitos autorais data de 1976 e há poucos precedentes. Em uma decisão recente, o juiz federal William Alsup entendeu que a Anthropic não violou a lei ao treinar sua IA com livros protegidos, embora tenha sido multada pela obtenção ilegal desse material.
Imagem: Internet
No Japão, entretanto, o CODA sustenta que a simples cópia durante o treinamento já configuraria infração. Hayao Miyazaki, cofundador do Studio Ghibli, não se manifestou sobre a carta. Em 2016, porém, ao assistir a uma animação 3D gerada por IA, declarou sentir “profundo desgosto” e chamou a experiência de “insulto à vida”.
Com informações de TechCrunch
												
												
												
												
				
															

