A Meta apresentou nesta semana seus resultados trimestrais e expôs um salto expressivo nos custos ligados à inteligência artificial, movimento que provocou forte reação negativa em Wall Street. A companhia registrou aumento de US$ 7 bilhões nas despesas operacionais em relação ao mesmo período do ano passado e quase US$ 20 bilhões em investimentos de capital, impulsionados pela construção de dois mega data centers e pela contratação de talentos em IA.
Durante teleconferência com analistas, Mark Zuckerberg afirmou que a empresa “vai acelerar” a expansão de infraestrutura para garantir capacidade de computação “tanto para pesquisa quanto para novos produtos”. O executivo descreveu a iniciativa como “grande oportunidade latente”, mas reconheceu que o desembolso deve continuar elevado.
A explicação não acalmou o mercado. Ao fim da chamada, as ações da Meta começaram a cair e, dois dias depois, fecharam a sexta-feira com recuo de 12%, equivalendo a mais de US$ 200 bilhões em valor de mercado perdido. Apesar disso, a empresa ainda reportou lucro líquido de aproximadamente US$ 20 bilhões no trimestre.
Sem produto-âncora em IA
Analistas questionaram a ausência de um produto que gere receita significativa capaz de justificar o volume de investimentos. Zuckerberg citou apenas possibilidades gerais, como novos formatos de conteúdo, versões voltadas para negócios e melhorias em recomendações nos aplicativos da família Meta — Facebook, Instagram e outros. Nenhuma previsão concreta de lançamento foi apresentada.
Entre as iniciativas já conhecidas, o assistente Meta AI acumula mais de 1 bilhão de usuários, número impulsionado pela base total de três bilhões de pessoas nas principais redes sociais da companhia. Há ainda o gerador de vídeo Vibes, que elevou a participação diária de usuários, mas com impacto comercial limitado, e os óculos inteligentes Vanguard, lançados no início de outubro, ligados mais ao trabalho da Reality Labs do que a modelos de linguagem de grande porte.
Comparação com rivais
O ritmo de gastos não é exclusividade da Meta. Google, Nvidia e OpenAI também destinam bilhões de dólares a infraestrutura de IA, mas exibem retorno mais visível. A OpenAI, por exemplo, afirma operar “um dos serviços de consumo que mais crescem na história” e projeta receita anual de US$ 20 bilhões.
Imagem: Getty
Na Meta, a reorganização de equipes de IA completou apenas quatro meses, e o novo grupo Superintelligence Labs ainda não apresentou um produto de grande impacto. Zuckerberg disse estar “muito empolgado” com modelos em desenvolvimento e prometeu novidades “nos próximos meses”, sem oferecer detalhes.
Enquanto isso, cresce a pressão para que a companhia prove rapidamente como transformará investimentos estimados em até US$ 600 bilhões em infraestrutura nos Estados Unidos, ao longo dos próximos três anos, em fontes de receita sustentáveis.
Com informações de TechCrunch


