França, Bélgica e Mônaco anunciaram na segunda-feira (22) o reconhecimento oficial do Estado da Palestina durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. No dia anterior, Reino Unido, Austrália, Canadá e Portugal haviam tomado a mesma decisão. Outros países europeus sinalizaram que podem aderir à iniciativa ainda nesta semana, apesar da rejeição do governo israelense.
Mais de 140 países já reconhecem
Com as novas adesões, o número de Estados que reconhecem oficialmente a Palestina supera 140 — entre eles o Brasil. Grande parte das recentes declarações foi motivada pela ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza, que, segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas, já deixou mais de 65 mil mortos.
Acusações de genocídio e reação de Israel
Na terça-feira passada (16), uma comissão do Conselho de Direitos Humanos da ONU acusou Israel de cometer genocídio em Gaza. Israel e Estados Unidos refutaram o relatório e criticaram a onda de reconhecimentos, alegando que a medida premiaria o terrorismo — referência aos ataques de 7 de outubro de 2023, quando militantes do Hamas mataram cerca de 1.200 pessoas em território israelense.
Gestos vistos como simbólicos
Mesmo defensores da causa palestina consideram o reconhecimento insuficiente por si só. A ativista Ines Abdel Razek, do Instituto Palestino para Diplomacia Pública, classificou a iniciativa como “medidas simbólicas” que não alteram a realidade no terreno. Colunistas como Owen Jones, do britânico The Guardian, ressaltaram que ações contra Israel têm sido “performáticas”, destinadas a atender à opinião pública.
Possível resposta israelense
Analistas temem uma reação de Tel Aviv. Richard Gowan, especialista da ONG International Crisis Group, avalia que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu poderia contra-atacar anunciando a anexação de partes dos territórios palestinos; na semana passada, ele afirmou que “não haverá um Estado palestino”.
Efeitos práticos limitados
A admissão, por si só, não encerra o conflito em Gaza. O jornalista israelense Gideon Levy chamou o gesto de “declaração vazia” e defendeu sanções mais duras contra Israel. Juristas lembram que o reconhecimento não isenta a comunidade internacional da obrigação de atuar para prevenir genocídio.

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Valor diplomático
Ainda assim, especialistas apontam ganhos estratégicos. Nomi Bar-Yaacov, do Centro de Política de Segurança de Genebra, afirma que o status de Estado confere maior peso à Palestina em futuras negociações. Hugh Lovatt, do Conselho Europeu de Relações Exteriores, destaca o “simbolismo significativo” de países como França e Reino Unido reafirmarem o direito palestino à autodeterminação.
Próximos passos na Europa
A União Europeia debate medidas práticas. A chefe da diplomacia do bloco, Kaja Kallas, sugeriu elevar tarifas sobre produtos israelenses e sancionar colonos e dois ministros ultradireitistas: Bezalel Smotrich (Finanças) e Itamar Ben-Gvir (Segurança Nacional). Fontes em Bruxelas indicam que a Itália pode deixar de bloquear o corte de verbas científicas destinadas a Israel.
Para o analista Anas Iqtait, da Universidade Nacional Australiana, o reconhecimento “é apenas o começo”; ações concretas devem seguir para pressionar Israel e apoiar a construção de um Estado palestino funcional.
Com informações de g1