Negociadores dos Estados Unidos e da China anunciaram neste domingo (27) um acordo-quadro que afasta a cobrança de uma tarifa potencial de 157% sobre produtos chineses e abre caminho para um possível pacto comercial a ser discutido entre o presidente norte-americano Donald Trump e o líder chinês Xi Jinping ainda nesta semana.
As conversas ocorreram em Kuala Lumpur, capital da Malásia, primeira etapa da viagem diplomática de sete dias de Trump pela Ásia. A notícia de um entendimento inicial reduziu a tensão entre as duas maiores economias do planeta e impulsionou os mercados asiáticos, além dos futuros de ações nos Estados Unidos.
O que foi acertado
Segundo o secretário do Tesouro, Scott Bessent, que chefiou a delegação norte-americana ao lado do representante comercial Jamieson Greer, o acordo retira da mesa as tarifas de 100% sobre bens chineses ameaçadas anteriormente por Trump. Bessent disse em entrevistas às redes ABC, NBC e CBS que:
- Washington deve obter uma prorrogação nas restrições chinesas à exportação de minerais de terras raras;
- Pequim concordou em realizar “compras substanciais” de soja dos EUA, produto que enfrenta queda de encomendas neste outono em estados como Illinois, Iowa, Minnesota e Indiana;
- Houve acerto inicial para ampliar a cooperação no combate ao tráfico dos precursores do fentanil;
- Os dois lados finalizaram o acordo sobre a venda dos ativos da TikTok nos EUA para investidores norte-americanos, negociação concluída após reuniões anteriores em Madri.
Contexto das tensões
O clima entre os dois países se deteriorou rapidamente em setembro, quando Washington expandiu sua lista de restrições à exportação de tecnologia para incluir mais empresas chinesas. Em resposta, Pequim ampliou o controle sobre vendas externas de terras raras, minerais nos quais detém quase monopólio mundial de processamento. A medida levou Trump a ameaçar novas tarifas de 100% a partir de novembro.
Próximo encontro
Trump e Xi têm reunião prevista para quinta-feira (31), à margem da cúpula de presidentes-executivos do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC) em Seul, Coreia do Sul. Será o primeiro encontro entre os dois líderes no segundo mandato de Trump. Embora Pequim ainda não tenha confirmado oficialmente a conversa — prática comum do governo chinês — o sinal positivo vindo de Kuala Lumpur aumenta a expectativa por um avanço mais amplo.
Posição chinesa
A delegação chinesa foi liderada pelo principal negociador comercial do país, Li Chenggang, e pelo vice-primeiro-ministro He Lifeng. De acordo com a agência Xinhua, as partes chegaram a consenso preliminar sobre questões como:
Imagem: John Liu
- cobranças portuárias dos EUA para navios construídos na China;
- extensão da atual trégua comercial;
- tarifas sobre fentanil;
- cooperação no combate a drogas ilegais;
- controles de exportação.
“Os choques e oscilações do último mês não eram o que a China desejava ver”, declarou Li, ressaltando que Pequim seguirá firme na defesa de seus interesses diante da postura dura de Washington.
Ambos os lados concordaram em detalhar os pontos restantes e submeter o texto final aos respectivos processos de aprovação interna.
Com informações de CNN Business


