A água presente em alguns cometas — e possivelmente na Terra — pode ser mais antiga que o próprio Sol. A conclusão vem da primeira detecção de água duplamente deuterada (D₂O), conhecida como “água pesada”, em um disco de formação planetária. O achado foi confirmado por astrônomos que utilizaram o radiotelescópio Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) em observações do jovem sistema V883 Ori.
O estudo, divulgado em 15 de outubro de 2025, mostra que as moléculas identificadas não se originaram no disco atual, mas foram herdadas de nuvens moleculares frias que existiam antes do nascimento da estrela central. Para os pesquisadores, isso indica que parte da água que chega a planetas e cometas se mantém intacta desde as fases mais remotas da formação estelar.
Quem descobriu
A equipe foi liderada por Margot Leemker, pós-doutoranda do Departamento de Física da Universidade de Milão. Segundo ela, a detecção comprova que a água observada “é mais velha que a estrela” e oferece “um avanço decisivo” para entender como a água viaja do espaço interestelar até sistemas planetários.
Prova de origem ancestral
Para diferenciar a água “antiga” da que poderia ser fabricada novamente no disco, os cientistas analisaram a razão isotópica D₂O/H₂O. “Essas proporções sensíveis fornecem a ligação que faltava entre nuvens, discos, cometas e, por fim, planetas”, explicou John Tobin, do Observatório Radioastronômico Nacional dos Estados Unidos (NRAO) e segundo autor do trabalho.
Relevância para a habitabilidade
Entender a origem da água é essencial para avaliar a formação de ambientes habitáveis. Os resultados sugerem que planetas recém-formados — inclusive fora do Sistema Solar — podem receber água que existe há bilhões de anos, reforçando a conexão entre a química das primeiras nuvens interestelares e a evolução de mundos potencialmente aptos à vida.

Imagem: Internet
As medições realizadas pelo ALMA representam a primeira evidência direta da “viagem” interestelar da água, intacta, desde as nuvens primordiais até os blocos de formação de planetas e cometas.
Com informações de Nanowerk