16 de outubro de 2025 – Uma pesquisa internacional indica que metano, etano e cianeto de hidrogênio podem se combinar na superfície gelada de Titã, satélite de Saturno, contrariando o princípio químico que afirma que substâncias polares e apolares não se misturam.
O estudo, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, foi liderado por Martin Rahm, professor associado do Departamento de Química e Engenharia Química da Universidade de Tecnologia de Chalmers, Suécia. A equipe contou com a colaboração do Jet Propulsion Laboratory (JPL) da NASA.
Como o experimento foi conduzido
Para investigar o destino do cianeto de hidrogênio (HCN) produzido na atmosfera de Titã, pesquisadores do JPL resfriaram misturas de HCN, metano e etano a 90 Kelvin (aproximadamente –180 °C). Nessas condições, o cianeto de hidrogênio permanece sólido, enquanto metano e etano ficam líquidos.
Com o auxílio de espectroscopia a laser, os cientistas observaram que, embora as moléculas continuassem intactas, ocorriam mudanças inesperadas na estrutura do material. Simulações de computador realizadas em Chalmers testaram milhares de arranjos moleculares e confirmaram a formação de co-cristais estáveis, nos quais os hidrocarbonetos se inserem na rede cristalina do HCN.
Implicações para a química prebiótica
O achado pode explicar parte da geologia singular de Titã, marcada por mares, lagos e extensas dunas. Além disso, o cianeto de hidrogênio é considerado peça-chave na síntese abiótica de aminoácidos e nucleobases, componentes básicos das proteínas e do material genético. A possibilidade de o HCN formar co-cristais com hidrocarbonetos amplia o entendimento sobre reações químicas em ambientes extremamente frios, semelhantes aos da Terra primitiva.

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Próximos passos
A missão Dragonfly, da NASA, tem chegada prevista a Titã em 2034 e poderá testar no local as previsões da equipe. Enquanto isso, os pesquisadores pretendem investigar se outras moléculas apolares também conseguem penetrar a estrutura cristalina do cianeto de hidrogênio em regiões frias do espaço.
Com informações de Nanowerk