Cientistas de Singapura sugerem centros de dados neutros em carbono em órbita

Pesquisadores da Universidade Tecnológica de Nanyang (NTU), em Singapura, apresentaram um plano para instalar centros de dados na órbita baixa da Terra (LEO) alimentados exclusivamente por energia solar e resfriados pelo frio do espaço, solução que poderia zerar emissões de carbono e contornar a escassez de terrenos em grandes cidades.

O estudo, publicado em 28 de outubro na revista Nature Electronics, descreve como satélites equipados com processadores avançados podem funcionar como instalações de computação na borda (edge) ou na nuvem, reduzindo custos e impacto ambiental de operações em solo. A proposta é liderada pelo professor Wen Yonggang, responsável pela Graduação da NTU e presidente da cadeira Alibaba-NTU em Ciência da Computação e Engenharia.

Dois modelos em órbita

Centros de dados de borda: satélites de sensoriamento com aceleradores de IA processariam dados no espaço e transmitiriam apenas informações essenciais para a Terra, diminuindo o volume de tráfego em mais de 100 vezes.

Centros de dados em nuvem: constelações de satélites com servidores, links de banda larga, painéis solares e radiadores executariam tarefas robustas, como simulações científicas e treinamento de modelos de inteligência artificial.

Segundo os autores, o vácuo espacial, a cerca de 2,7 kelvin (-270,45 °C), permite dissipar calor com eficiência superior à de instalações terrestres, eliminando a necessidade de infraestrutura de refrigeração intensiva.

Demanda crescente e limitações em solo

Estudo da Goldman Sachs aponta que a demanda energética de centros de dados impulsionada por IA deve crescer 165% até 2030. Em Singapura, essas estruturas já consomem 7% da eletricidade nacional, podendo chegar a 12% no mesmo período. O país aparece como o segundo mercado mais caro do mundo para construção de data centers, estimado em US$ 13,80 por watt de carga de TI.

Validação digital e sustentabilidade

Para avaliar a viabilidade ambiental, a equipe se uniu à spin-off Red Dot Analytics e criou um gêmeo digital do centro de dados espacial. As simulações indicam que a energia solar combinada ao resfriamento radiativo sustenta a operação com zero emissões, compensando o carbono lançado por foguetes em poucos anos de atividade.

O desenvolvimento é favorecido por avanços como foguetes reutilizáveis, lançadores elétricos, eletrônicos tolerantes à radiação e processadores espaciais — caso de chips da AMD e módulos da Zero Error Systems.

Financiamento e reconhecimento

A pesquisa conta com apoio do programa pós-doutoral Gopalakrishnan-NTU, da A*STAR, da Fundação Nacional de Pesquisa de Singapura e do laboratório conjunto Alibaba-NTU. A NTU é classificada em quinto lugar global e primeiro na Ásia em Ciência de Dados e IA pelo QS World University Rankings 2025.

Com informações de Nanowerk

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