Pesquisadores da Johns Hopkins University divulgaram em 16 de outubro de 2025 novas simulações que reforçam a possibilidade de a matéria escura ser responsável por um excesso de raios gama observado no núcleo da Via Láctea. O estudo, publicado na revista Physical Review Letters, compara dois cenários há décadas discutidos: colisões de partículas de matéria escura e emissões de pulsares de milissegundo, estrelas de nêutrons que giram rapidamente.
Com o auxílio de supercomputadores, a equipe liderada pelo astrofísico Joseph Silk mapeou a distribuição provável de matéria escura na galáxia, incorporando pela primeira vez a forma como a Via Láctea se formou. Segundo os modelos, durante o primeiro bilhão de anos, pequenos sistemas semelhantes a galáxias — ricos em matéria escura — se fundiram, concentrando partículas no centro galáctico e aumentando o índice de colisões.
Quando os cientistas incluíram nas simulações a frequência realista dessas colisões, os mapas resultantes coincidiram com os dados de raios gama registrados pelo Telescópio Espacial Fermi. Essa correspondência completa um “tridente” de evidências que torna a matéria escura uma explicação tão plausível quanto os pulsares de milissegundo.
Apesar da compatibilidade, a hipótese dos pulsares exige assumir que existam mais objetos desse tipo do que os identificados até agora, apontam os autores. Para tentar resolver o impasse, eles aguardam o início das operações do Cherenkov Telescope Array, instrumento de alta resolução que medirá sinais de energia mais elevada.
O grupo já planeja um experimento para verificar se os raios gama detectados possuem energias maiores, típicas de pulsares, ou menores, associadas a colisões de matéria escura. Paralelamente, os pesquisadores elaboram previsões sobre a localização de matéria escura em galáxias-anãs próximas, que serão comparadas a observações futuras.

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“Um sinal limpo seria a prova definitiva”, afirmou Silk. Caso as próximas medições não confirmem nenhuma das hipóteses, o excesso de raios gama permanecerá um mistério astrofísico.
Com informações de Nanowerk