Astrônomos identificaram que a anã branca LSPM J0207+3331, localizada a 145 anos-luz da Terra, está atualmente consumindo os restos de um antigo sistema planetário. A descoberta revela o disco de detritos mais velho e rico em metais já observado em torno de uma anã branca com atmosfera de hidrogênio.
O estudo, liderado por Érika Le Bourdais, do Instituto Trottier de Pesquisa em Exoplanetas da Université de Montréal, foi publicado no The Astrophysical Journal sob o título “Tracing Planetary Accretion in a 3 Gyr old Hydrogen-rich White Dwarf: The Extremely Polluted Atmosphere of LSPM J0207+3331”.
Elementos químicos denunciadores
Dados espectroscópicos coletados no Observatório W. M. Keck, no Havaí, mostram que a atmosfera da anã branca está contaminada por 13 elementos químicos diferentes. Segundo o coautor Patrick Dufour, também da Université de Montréal, essa “poluição” indica a destruição de um corpo rochoso com pelo menos 200 quilômetros de diâmetro.
A quantidade de material rochoso detectada é considerada incomum para uma estrela dessa idade, estimada em cerca de 3 bilhões de anos. Essa evidência sugere que mecanismos de maré e acreção continuam ativos muito tempo depois de a estrela ter deixado a fase de sequência principal.
Instabilidade planetária tardia
Metade das anãs brancas “poluídas” conhecidas apresenta sinais de acresção de elementos pesados, indicando perturbações dinâmicas em seus sistemas. No caso de LSPM J0207+3331, os pesquisadores acreditam que, há apenas alguns milhões de anos, um planeta rochoso foi desviado de sua órbita estável e iniciou uma espiral para o interior, sendo despedaçado pela gravidade da estrela.
Para o co-investigador John Debes, do Space Telescope Science Institute (STScI), o fenômeno pode ser resultado de interações entre vários planetas que, ao longo de bilhões de anos, desestabilizaram suas órbitas.
Imagem: Internet
Busca por planetas externos
Os cientistas agora procuram identificar o gatilho da perturbação. Planetas do tamanho de Júpiter que ainda orbitem o sistema são candidatos prováveis, mas difíceis de observar devido à grande distância em relação à anã branca e à baixa temperatura desses corpos. Observações da missão Gaia, da ESA, podem detectar a influência gravitacional desses planetas, enquanto o telescópio James Webb, da NASA, poderá buscar sinais em infravermelho.
As próximas campanhas de observação deverão ajudar a esclarecer se o distúrbio foi causado por um rearranjo planetário interno ou por um encontro estelar próximo.
Com informações de Nanowerk


