Os fundos de investimento Accel e Prosus anunciaram nesta segunda-feira uma parceria para apoiar startups indianas já na fase de formação. O acordo prevê aportes conjuntos em negócios que desenvolvam soluções de grande escala para o mercado interno, com foco em desafios sistêmicos nos segmentos de automação, transição energética, serviços de internet e manufatura.
É a primeira vez que a Prosus, sediada em Amsterdã e historicamente voltada a rodadas tardias, passa a investir no estágio inicial. Pelo modelo definido, a empresa vai igualar o valor colocado pela Accel em cada operação, com cheques iniciais que variam de US$ 100 mil a US$ 1 milhão — montante que pode aumentar conforme a evolução dos projetos.
O movimento expande o Atoms X, programa da Accel lançado em julho para apoiar startups de “leap tech” — aquelas que atacam problemas estruturais de larga escala. Segundo Pratik Agarwal, sócio da Accel, negócios voltados a soluções para toda a população costumam ter ciclos longos e sofrem para captar capital sem sofrer diluição excessiva. “Esperamos levar mais recursos na hora certa, evitando várias tentativas frustradas antes de conseguirem tração”, afirmou.
Ashutosh Sharma, chefe do ecossistema indiano da Prosus, destacou que a união de forças faz sentido diante da ambição dos fundadores. “Poderíamos seguir atuando separadamente, mas os desafios que eles tentam resolver exigem somar recursos”, disse. Ele acrescentou que a Prosus não busca participação acionária equivalente à da Accel na primeira rodada; o objetivo é identificar desde cedo empresas com potencial similar a Swiggy, Meesho ou Tencent.
A Índia, país mais populoso do mundo, possui mais de 1 bilhão de usuários de internet e ultrapassa 700 milhões de smartphones, sendo o segundo maior mercado do setor depois da China. Iniciativas governamentais como o sistema de pagamentos UPI e a identidade digital Aadhaar criaram uma base que acelera a escala de novos serviços. Apesar disso, grande parte das startups locais ainda replica modelos globais; a aliança Accel-Prosus pretende fomentar inovações pensadas para necessidades domésticas.
Imagem: Internet
As duas gestoras já investiram juntas em plataformas como a Arivihan, de tutoria baseada em IA, e a Wiom, fornecedora de internet de baixo custo. Ao todo, o programa de estágio inicial da Accel apoiou mais de 40 startups, das quais mais de 30% captaram rodadas subsequentes — metade lideradas pela própria Accel.
Mesmo com a redução de 25% no volume de capital de risco no país no primeiro semestre de 2025, para US$ 4,8 bilhões, a Índia continua no radar de investidores globais devido ao tamanho do mercado e ao avanço da digitalização. Em setembro, oito gestoras dos Estados Unidos e da Índia formaram um consórcio de US$ 1 bilhão para startups de deep tech. A parceria entre Accel e Prosus reforça essa aposta de longo prazo no ecossistema indiano.
Com informações de TechCrunch


