Pesquisadores da Wits Advanced Drug Delivery Platform (WADDP), na África do Sul, criaram um nanossistema inalável capaz de transportar simultaneamente os quatro medicamentos padrão contra a tuberculose (rifampicina, isoniazida, etambutol e pirazinamida) diretamente para os pulmões. O projeto é liderado pelo pós-doutorando Dr. Lindokuhle Ngema e foi apresentado em 3 de novembro de 2025.
Projetado para contornar fígado e corrente sanguínea, o sistema reduz perdas de fármaco e aumenta a concentração local no tecido pulmonar, onde o Mycobacterium tuberculosis se aloja. “A bactéria se esconde em bolsões nos pulmões onde os remédios orais não chegam; nosso objetivo é levar o tratamento exatamente a esses locais”, explica Ngema.
Desafio antigo, abordagem moderna
Com cerca de 9 000 anos de existência, a tuberculose ainda causa cerca de 10 milhões de novos casos e 1,8 milhão de mortes por ano no mundo. Só em 2023, mais de 56 000 sul-africanos perderam a vida para a doença. A Organização Mundial da Saúde (OMS) busca reduzir em 80% as infecções e em 90% as mortes até 2030, metas que dependem de novas tecnologias de tratamento.
Vantagens da inalação
O regime atual exige seis meses de comprimidos diários, com efeitos colaterais que dificultam a adesão e favorecem o surgimento de cepas multirresistentes (MDR) e extensivamente resistentes (XDR). Ao liberar o medicamento diretamente no trato respiratório, a terapia inalável pode encurtar o tratamento, melhorar a adesão e limitar a resistência bacteriana, segundo a equipe do WADDP.
Como funciona o nanocarreador
O veículo é biocompatível e não tóxico; o organismo não o reconhece como ameaça. Uma vez inaladas, as nanopartículas percorrem as vias aéreas profundas e liberam gradualmente os fármacos no foco da infecção. Em parceria com o Nuclear Medicine Research Institute (NuMeRI), os cientistas utilizam imagem nuclear para rastrear em tempo real o percurso das partículas nos pulmões.
Imagem: Internet
Colaboração internacional
Concebido no laboratório do professor Yahya Choonara, diretor do WADDP, o projeto recebeu bolsa da World Academy of Sciences (TWAS). Ngema passou três meses no Instituto de Imagem Molecular Experimental (ExMI) da RWTH Aachen University Hospital, na Alemanha, otimizando o perfil de liberação dos quatro medicamentos em dose única inalável.
Com resultados iniciais promissores, a equipe trabalha agora para levar a tecnologia ao uso clínico. “Se conseguirmos tornar o tratamento mais fácil, rápido e inteligente, estaremos também devolvendo esperança aos pacientes”, afirma Ngema.
Com informações de Nanowerk
												
												
												
												
				

