Alphabet acelera estratégia de transformar projetos “moonshot” em empresas independentes

A Alphabet intensificou a prática de tirar projetos da X, seu laboratório de inovações radicais, para operá-los como empresas autônomas. A mudança foi detalhada por Astro Teller, responsável pela X, durante o TechCrunch Disrupt, realizado na semana passada.

Fundo dedicado facilita saída do guarda-chuva corporativo

O modelo é viabilizado pelo Series X Capital, fundo com mais de US$ 500 milhões administrado por Gideon Yu, ex-executivo do YouTube e ex-CFO do Facebook. A Alphabet entra apenas como investidora minoritária. “Se fôssemos o único cotista, tudo continuaria dentro da Alphabet, justamente o que queremos evitar”, afirmou Teller no palco.

Por exigência contratual, o Series X Capital só pode aplicar em companhias originadas na X. O mecanismo difere de outros braços de investimento do grupo — GV, CapitalG e Gradient Ventures — que atuam em estágios e setores variados.

Cultura de “matar” ideias e taxa de acerto de 2%

Segundo Teller, a X define um “moonshot” como proposta que busque resolver um grande problema global, ofereça produto ou serviço capaz de eliminá-lo e utilize tecnologia de ruptura. A equipe testa as hipóteses tentando provar que elas não funcionam; apenas 2% passam pelo crivo. “Se parece razoável, não é um moonshot”, resumiu.

Para garantir honestidade intelectual, a X não divulga quem é o criador original de cada projeto, inclusive casos famosos como Waymo (carros autônomos) e Wing (entregas por drones). A prática ajuda os times a abandonarem ideias quando necessário, sem apego pessoal.

Incentivo financeiro após a separação

Funcionários não têm participação acionária enquanto o projeto está dentro da X, mas recebem uma fatia significativa quando a empresa é desmembrada. “É quase o mesmo que você teria se começasse na garagem, porém sem o risco financeiro”, disse Teller.

Exemplos recentes e novo foco em construção civil

Em 2025, pelo menos duas iniciativas ganharam vida própria: Taara, de comunicação óptica sem fio, e Heritable Agriculture, que aplica aprendizado de máquina em melhoramento de safras. Outros spin-offs que já captaram recursos externos são Malta (armazenamento de energia renovável), Dandelion (aquecimento geotérmico) e iyO (fones de ouvido com IA).

Na véspera do Disrupt, a X apresentou a Anori, plataforma de inteligência artificial criada para ajudar incorporadoras, construtoras e cidades a lidar com a complexidade de novos empreendimentos. Teller justificou a aposta destacando que o setor da construção responde por cerca de 25% do lixo sólido e das emissões de CO2 do planeta.

A estratégia de converter parte dos “moonshots” em empresas independentes, mantendo vínculos estratégicos mas sem controle total da Alphabet, deve continuar norteada pela combinação de testes intensivos, baixa tolerância a projetos inviáveis e um fundo dedicado a bancar as saídas.

Com informações de TechCrunch

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