Sensor de grafeno mede pressão com alta precisão em ampla faixa de temperatura

Pesquisadores apresentaram um novo sensor de pressão baseado em grafeno capaz de fornecer leituras precisas mesmo sob variações significativas de temperatura. O dispositivo, descrito em artigo publicado em 10 de novembro de 2025 na revista Advanced Science, utiliza dois ressonadores de grafeno para compensar automaticamente os efeitos térmicos, mantendo estabilidade e sensibilidade superiores às de sensores de silício convencionais.

Como funciona

O núcleo do sensor é formado por duas membranas de grafeno suspensas sobre um diafragma de silício. Uma das membranas responde simultaneamente a pressão e temperatura; a segunda reage apenas às mudanças térmicas. Ao comparar a frequência de vibração das duas, o sistema elimina quase todo o desvio provocado pelo calor, isolando o sinal real de pressão.

As membranas vibram quando aquecidas por um laser modulado. Um segundo feixe, refletido numa cavidade óptica Fabry-Pérot, detecta pequenas variações nessa frequência. Qualquer alteração na pressão externa modifica a tensão da membrana sensível e, consequentemente, sua frequência de ressonância.

Estrutura selada a vácuo

Para aumentar o desempenho, o conjunto é selado a vácuo por ligação anódica entre silício e vidro. Sem ar dentro da cavidade, as vibrações perdem menos energia, elevando o fator de qualidade de cerca de 10 (em ar) para 274 no vácuo. Um anel fino de dióxido de silício reforça a borda do grafeno e evita escorregamento, reduzindo a histerese.

Resultados de desempenho

O sensor registrou sensibilidade média de 24,1 kHz/kPa em uma faixa de 0,001 a 500 kPa, valor cerca de 68 vezes superior ao de dispositivos de silício similares. A histerese em escala total ficou em 0,31%, enquanto a repetibilidade alcançou 0,75% após vários ciclos de pressão. O menor passo detectado foi de 8,64 Pa a 100 kPa e 25 °C, equivalendo a aproximadamente um metro de variação de altitude.

Os dois ressonadores apresentaram mudanças de frequência praticamente idênticas com a temperatura, entre 5,6 e 5,8 kHz/°C. Após a compensação, o erro máximo de pressão entre 40 °C e 120 °C caiu para 6,51 kPa (1,3% da escala completa); sem o método, superaria 21 kPa.

Teste em campo

Para validação externa, a equipe instalou o sensor em um drone e mediu a altitude durante subidas graduais até 80 m. As leituras derivadas da pressão coincidiram com o altímetro embarcado do equipamento com diferença inferior a um metro.

Segundo os autores, a combinação de alta sensibilidade, ampla faixa de operação e baixo desvio de longo prazo abre caminho para aplicações em navegação aeroespacial, monitoramento automotivo, dispositivos médicos e sensores ambientais compactos.

Com informações de Nanowerk

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