08 nov. 2025 – Dallas (EUA) – Pesquisadores do UT Southwestern Medical Center demonstraram que uma nanovacina terapêutica erradicou tumores induzidos pelo papilomavírus humano (HPV) em modelo animal de doença metastática avançada. O trabalho foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
O estudo, liderado pelo professor Jinming Gao e pelos pós-doutorandos Shuang Chen e Shuyue Ye, descreve uma formulação composta por:
- um polímero e um fármaco de pequena molécula, ambos ativadores da proteína STING (stimulator of interferon genes);
- o antígeno viral E7, derivado do HPV;
- nanopartículas de 25 a 30 nanômetros de diâmetro.
Após a aplicação em camundongos, as partículas concentraram-se no baço, órgão que abriga células imunes. Dentro dessas células, o polímero e o fármaco estimularam o STING, enquanto o antígeno E7 treinou o sistema imunológico a reconhecer e atacar células tumorais portadoras do vírus.
Resultados em modelos de metástase
Nos experimentos, a nanovacina eliminou tumores primários e nódulos metastáticos. Em modelo de câncer pulmonar metastático relacionado ao HPV, 71% dos animais vacinados permaneciam vivos 60 dias após o tratamento. No mesmo período, todos os camundongos que receberam apenas inibidores de checkpoint — terapia considerada padrão para a doença — morreram. A combinação da nanovacina com o checkpoint levou a 100% de sobrevivência.
Segundo o grupo, não foram observados danos a órgãos, perda de peso nem atividade imunológica fora do alvo, indicando perfil de segurança promissor.
Imagem: Internet
Próximos passos
Os cientistas planejam testar a abordagem em outros tipos de câncer, ajustando o antígeno específico de cada tumor, e avançar para ensaios clínicos em humanos. Hoje, cerca de 37.800 novos casos de câncer relacionados ao HPV são diagnosticados anualmente nos Estados Unidos, e não existem vacinas terapêuticas aprovadas para essas doenças.
Jinming Gao é membro da National Academy of Inventors e detém 18 patentes nos Estados Unidos e 78 no exterior em biomateriais poliméricos, entrega de fármacos por nanopartículas, imagem cirúrgica tumoral e imunoterapia contra o câncer; 13 desses registros já foram licenciados para empresas de biotecnologia.
Com informações de Nanowerk
