São Paulo e Nova York – O governo brasileiro decidiu não convidar os Estados Unidos para a segunda edição da reunião “Democracia Sempre”, marcada para a próxima quarta-feira, 24 de setembro, em Nova York, à margem da 80ª Assembleia-Geral das Nações Unidas.
Idealizado por Brasil e Espanha, o evento reunirá cerca de 30 países, entre eles Uruguai, Colômbia, Chile, Alemanha, Canadá, França, México, Noruega, Quênia, Senegal e Timor-Leste. O secretário-geral da ONU, António Guterres, também deverá ser chamado como representante da União Europeia.
Motivo do veto
Um integrante do Itamaraty informou que apenas nações consideradas plenamente democráticas receberam convite. Segundo esse funcionário, não há “condições” para a presença de um país cujo governo, na avaliação brasileira, tomou rumo extremista e contesta a democracia e o processo eleitoral no Brasil.
Antecedentes
No ano passado, ainda sob a presidência do democrata Joe Biden, Washington participou do encontro enviando um representante de segundo escalão do Departamento de Estado. Desde a posse de Donald Trump, porém, a relação bilateral sofreu forte desgaste, agravado por medidas como:
- Decreto que proíbe programas federais de combate à desinformação, classificados pela Casa Branca como censura;
- Pardão, no primeiro dia de mandato, a 1.500 condenados pela invasão ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021;
- Pressão pública pela demissão de personalidades que criticaram o ativista conservador Charlie Kirk, morto em 10 de setembro;
- Ameaças de tarifas a blocos que regulam big techs, caso da União Europeia.
Agenda do encontro
A pauta principal inclui a defesa da democracia, o combate à desigualdade, o enfrentamento à desinformação e a regulação de plataformas digitais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou de uma reunião preparatória do grupo em julho, no Chile, quando os líderes divulgaram comunicado reafirmando compromisso com o multilateralismo e com ações conjuntas contra fatores que enfraquecem as instituições democráticas.

Imagem: Internet
A primeira edição, em 2024, foi batizada “Em defesa da democracia, combatendo o extremismo” e partiu de proposta do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez. Na ocasião, Sánchez apontou desigualdade, desinformação e discurso de ódio como ameaças centrais à confiança popular nas instituições.
O encontro desta quarta-feira deverá encerrar-se com nova declaração conjunta sobre os temas em discussão.
Com informações de Folha de S.Paulo