Cientistas apresentaram um método que permite às bactérias fabricar e tingir tecidos em todas as cores do arco-íris dentro do mesmo reator, eliminando etapas químicas tradicionais e reduzindo impactos ambientais. O estudo foi publicado em 12 de novembro de 2025 na revista Trends in Biotechnology.
A pesquisa, liderada pelo engenheiro bioquímico San Yup Lee, da Korea Advanced Institute of Science and Technology (KAIST), combina duas frentes de atuação microbiana: a produção de celulose bacteriana e a geração de pigmentos naturais. Enquanto a indústria têxtil atual depende de fibras sintéticas derivadas do petróleo e de corantes que contêm carcinógenos, metais pesados e desreguladores endócrinos, a nova abordagem promete uma alternativa mais limpa.
Fibras e cores na mesma cultura
Para criar o material, a equipe cultivou a bactéria Komagataeibacter xylinus, responsável por fiar celulose, junto com cepas de Escherichia coli modificadas para sintetizar pigmentos. Dois grupos de moléculas garantiram a paleta de cores: violaceínas (tonalidades de verde a roxo) e carotenóides (vermelho a amarelo).
No início, as duas espécies atrapalhavam o crescimento uma da outra, comprometendo a quantidade de celulose ou a intensidade da cor. Os pesquisadores então ajustaram o protocolo. Para as cores frias baseadas em violaceína, aplicaram uma cocultura retardada: a bactéria produtora de pigmento foi adicionada somente após o início da formação do tecido. Já para os carotenóides, optaram por um cultivo sequencial: primeiro colheram e purificaram a celulose, depois a mergulharam em uma solução com as bactérias produtoras de cor.
Sete tonalidades e testes de resistência
O resultado foi uma série de folhas de celulose em roxo, azul-marinho, azul, verde, amarelo, laranja e vermelho. Para avaliar a durabilidade, os tecidos passaram por lavagens, alvejamentos, aquecimento e imersão em soluções ácidas e alcalinas. A maioria manteve a cor; no caso das violaceínas, o desempenho superou o de corantes sintéticos em testes de lavagem.

Imagem: Internet
Próximos passos
Segundo Lee, ainda serão necessários pelo menos cinco anos para que os tecidos bacterianos cheguem às lojas. Entre os desafios estão ampliar a produção em escala industrial e competir com o baixo custo dos produtos à base de petróleo. O pesquisador destaca que a adoção de materiais sustentáveis depende também de uma mudança de postura dos consumidores.
Com informações de Nanowerk






