Europa encurta distância dos EUA em investimentos na camada de aplicações de IA, aponta Accel

A edição 2025 do relatório Globalscape, da gestora de venture capital Accel, indica que a disputa mundial pela camada de aplicações de inteligência artificial (IA) segue aberta. Embora os Estados Unidos continuem liderando o desenvolvimento de grandes modelos de IA, Europa e Israel mostram avanço significativo no nível de software aplicado, com nomes emergentes como Lovable e Synthesia.

Segundo o estudo, startups europeias e israelenses de nuvem e IA levantaram, em 2025 até o momento, o equivalente a 66% do volume captado por empresas norte-americanas. “Quando começamos este relatório, há dez anos, a região somava um décimo do mercado dos EUA”, lembrou Philippe Botteri, sócio da Accel.

Ecossistema fortalecido

Botteri atribui a evolução ao amadurecimento de fundadores e investidores locais, que aprenderam a escalar companhias de software. A análise é compartilhada por Jonathan Userovici, sócio do fundo Headline em Paris, que observa fundadores com “talento técnico de classe mundial e profundo conhecimento de mercado” em setores como jurídico, saúde, manufatura e marketing.

O Headline, autor do relatório AI Europe 100, mapeou startups nativas de IA na região com potencial para liderar seus segmentos a partir de critérios como velocidade de crescimento, equipe e avanço tecnológico.

Crescimento acelerado

Para a Accel, a atual onda de IA se diferencia pelo ritmo. Novas aplicações nativas chegam a US$ 100 milhões em receita anual recorrente em poucos anos, meta que antes levava décadas. Além disso, a receita por colaborador é “a mais alta já vista” no setor de software, tanto na Europa quanto nos EUA, destacou Botteri.

O relatório também indica que as empresas tradicionais de nuvem não estão desaparecendo. O Índice Público de Nuvem da Accel subiu 25% em 12 meses, enquanto esses players incorporam recursos de IA generativa. Entre as privadas, algumas avançam tão rápido que já podem ser consideradas nativas de IA; a plataforma de saúde Doctolib, do portfólio da Accel, foi citada como exemplo.

Modelos vs. aplicações

Apesar do entusiasmo europeu com desenvolvedoras de modelos fundacionais — caso da francesa Mistral AI —, a Accel vê menos oportunidades nessa frente no continente, embora admita espaço para lideranças em modelos menores. “Não é um ambiente especialmente rico em alvos”, avaliou Botteri.

Já na camada de aplicações, investidores disputam ativamente oportunidades, mesmo diante de dúvidas sobre barreiras competitivas. Para o executivo, produtos centrados no usuário e com adoção rápida ainda oferecem defensabilidade.

Lotan Levkowitz, sócio da Grove Ventures em Israel, acrescenta que a discussão não se resume a modelos e aplicativos. “A maioria do mercado mira modelos, computação e ações, mas os dados estão subvalorizados”, afirmou. Segundo ele, empresas baseadas em dados proprietários e em flywheels de informação tendem a ser “muito lucrativas”.

O relatório Globalscape consolida a percepção de que, embora os Estados Unidos mantenham vantagem em infraestrutura de IA, a Europa e Israel ganharam fôlego na camada de software, atraindo capital e gerando novos líderes em ritmo inédito.

Com informações de TechCrunch

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Notícias Recentes

Compartilhe como preferir

Copiar Link
WhatsApp
Facebook
Email