Equipe da EPFL desvenda mecanismo elétrico que regula fluxo de íons em nanoporos biológicos

Pesquisadores da Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL) identificaram como as cargas elétricas presentes nas paredes internas de nanoporos biológicos controlam dois fenômenos cruciais para a passagem de íons: a retificação e o gating. O trabalho, liderado pelos professores Matteo Dal Peraro e Aleksandra Radenovic, foi publicado em 11 de novembro de 2025 na revista Nature Nanotechnology.

Os cientistas combinaram experimentos eletrofisiológicos, simulações computacionais e modelos teóricos para explicar por que o fluxo iônico muda de direção (retificação) ou é abruptamente interrompido (gating) em nanoporos usados em aplicações como sequenciamento de DNA e biossensores.

Mutação controlada revela papel da carga

O grupo concentrou-se na aerolysina, poro bacteriano amplamente empregado em detecção molecular. Foram produzidas 26 variantes do canal por meio da substituição de aminoácidos carregados ao longo de sua superfície interna. Cada mutação alterou a distribuição de cargas positivas ou negativas, permitindo medir como essas mudanças afetam o transporte iônico.

Aplicando sinais de voltagem alternada, os pesquisadores separaram os efeitos observados em escalas de tempo distintas. A retificação, concluíram, ocorre porque as cargas internas criam um “caminho de mão única” que facilita a passagem de íons em um sentido específico. Já o gating surge quando um fluxo intenso de íons provoca desequilíbrio de carga que desestabiliza a estrutura do poro, levando a um colapso temporário que bloqueia a corrente.

Localização da carga e rigidez estrutural

Os resultados mostram que não apenas a quantidade, mas também a posição exata e o sinal da carga determinam quando o gating ocorre. Ao inverter o tipo de carga ou aumentar a rigidez do canal, a equipe conseguiu atrasar ou até eliminar o bloqueio.

Equipe da EPFL desvenda mecanismo elétrico que regula fluxo de íons em nanoporos biológicos - Imagem do artigo original

Imagem: Internet

Aplicações em sensores e computação iônica

A compreensão detalhada desses mecanismos abre caminho para projetar nanoporos que evitem o gating em dispositivos de leitura de moléculas ou, ao contrário, explorem o efeito em sistemas inspirados em sinapses neurais. Os autores demonstraram, por exemplo, um nanoporo capaz de apresentar plasticidade sináptica, lembrando estímulos elétricos sucessivos — passo potencial para processadores baseados em íons.

Com informações de Nanowerk

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