Gigantes de tecnologia e consórcios financeiros estão mobilizando cifras sem precedentes para construir centros de dados voltados a aplicações de inteligência artificial, mas especialistas alertam para o descompasso entre o ritmo acelerado do desenvolvimento de software e a lentidão inerente às obras de infraestrutura.
Em termos econômicos, uma bolha ocorre quando a oferta cresce muito além da demanda. No caso da IA, o risco decorre de prazos distintos: linhas de código podem ser ajustadas em semanas, enquanto um novo data center pode levar anos para ficar pronto.
Montantes recordes
Na semana passada, a Reuters revelou que um campus de data centers associado à Oracle, no Novo México, obteve até US$ 18 bilhões em crédito junto a um consórcio de 20 bancos. A própria Oracle já firmou contratos de US$ 300 bilhões em serviços de nuvem com a OpenAI e, em parceria com a SoftBank, integra o projeto Stargate, que prevê US$ 500 bilhões em infraestrutura de IA.
A Meta não quer ficar para trás e promete desembolsar US$ 600 bilhões em infraestrutura nos próximos três anos. Os valores são tão altos que análises de mercado têm dificuldade para acompanhar todos os compromissos assumidos.
Demanda corporativa ainda tímida
Embora quase todas as grandes empresas já utilizem alguma forma de IA, poucas a adotam em larga escala, segundo pesquisa da McKinsey divulgada recentemente. Os executivos relatam economias pontuais em casos específicos, mas afirmam que a tecnologia ainda não impacta o negócio como um todo. Muitas organizações continuam em postura de “esperar para ver”, o que coloca em dúvida a velocidade com que novos espaços em data centers serão ocupados.
Limites físicos surgem como novo obstáculo
Mesmo que a procura por serviços de IA dispare, engenheiros enfrentam desafios práticos. O presidente da Microsoft, Satya Nadella, disse em podcast que teme mais “ficar sem espaço de data center do que sem chips”, explicando que há falta de estruturas básicas (“warm shells”) prontas para receber novos equipamentos. Além disso, alguns centros de dados recém-construídos permanecem ociosos porque não conseguem suprir a demanda energética das últimas gerações de processadores.

Imagem: Shutterstock
Enquanto Nvidia, OpenAI e outras empresas aceleram o desenvolvimento de software e hardware, a expansão da rede elétrica e a construção civil seguem um ritmo tradicional, abrindo margem para gargalos dispendiosos.
O tema foi aprofundado no podcast “Equity” desta semana, que discute os possíveis caminhos — e tropeços — do mercado de inteligência artificial.
Com informações de TechCrunch







